O ” MOMENTO FALKLANDS” DO PRIMEIRO-MINISTRO DO REINO UNIDO STARMER

O colunista Chico Teixeira alerta para a ‘paralisia da União Europeia e da Otan’. ‘A influência da Europa está perdida’

CHARGE DE ZEZ VÁS ( PORTO / PORTUGAL)

A reunião de Zelensky com Keir Starmer, e por telefone, com Macron nesta sexta e sábado, 28/02 e 01 de março, convidando Zelensky para o Número 10 da Downing Street – numa clara forma de apagar as consequências da reunião no Salão Oval da Casa Branca – reafirma a intenção europeia de manter o fornecimento de armas – 1.6 bilhão de libras em mísseis anunciou Starmer – e tomar novas medidas econômicas, até agora inócuas, contra a Rússia. Starmer anunciou também “boots on the ground”, tropas europeias, para a Ucrânia. 

Na entrevista coletiva, que parecia mais um ultimato vazio contra a Federação Russa, em nenhum momento abriu-se uma via de negociações com Moscou. Tais medidas incorrem numa imensa possibilidade de derrapagem bélica – com tropas europeias controlando o disparo de mísseis de longa distância na Ucrânia – incluindo o uso de mísseis britânicos contra alvos vitais russos. Play Video

Tais mísseis precisam de uma equipe que os possam manejar, o que a Ucrânia hoje não possui, o que obriga ingleses e franceses a um envolvimento direto no conflito em pleno território da Ucrânia,tornando-se alvos naturais do contra fogo russo. 

Com uma linguagem de Guerra Fria, a política externa britânica parece ter esquecido da humilhação imposta por russos e americanos na Crise de Suez de 1956. Segunda a edição de hoje, 2/03/25, do The Guardian, Starmer busca seu “Momento Falklands” para uso com público interno. Com isso aproxima a Europa, e o mundo, mais do que nunca, da Terceira Guerra Mundial. 

O que o premier britânico não entendeu foi a inevitável decadência britânica, sua incapacidade de enfrentar só , ou mesmo com aliança francesa, a Rússia, e que a direção da Rússia em nada se assemelha com os generais argentinos de 1982. Starmer acredita que o envolvimento europeu levará inevitavelmente a recentralização da política externa dos Estados Unidos para com a Europa e a NATO. Como Zelensky, Starmer – já humilhado publicamente por Trump com sonoro “It’s enough!” durante o último encontro dos dois líderes – parece não ter, ainda, entendido o lema de Trump de “America First”.  

A criação de uma “Coligação de Vontades”, com a Turquia, Canadá, Polônia, França e Países Baixos, mas sem a Alemanha, Hungria e Itália, apenas evidencia a paralisia da União Europeia e da NATO. Esse é o último passo na procura de uma influência perdida pela Europa. Restam dúvidas se essas “vontades” podem de fato se transformar em capacidade de ação. A volta ao estudo de 1914 faria muito bem às lideranças sonâmbulos de uma Europa cada vez mais irrelevante na ordem mundial.

CHICO TEIXEIRA ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)

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