TRUMP E MILEI, COMETAS DE CAUDA CURTA

Um conflito óbvio é entre as personalidades de Trump e de Elon Musk. O mundo é pequeno demais para dois egos dessa dimensão.

A plataforma que está processando o Ministro Alexandre de Moraes não é nenhuma das conhecidas dos brasileiros – Youtube, Facebook, X. É a Rumble, uma plataforma que nasceu no Canadá e, graças à falta de limites, tornou-se a preferida de libertários e de militantes da ultradireita.

Sua grande estrela é o jornalista Glenn Greenwald, que tem assumido uma atitude dúbia em relação ao presidente Donald Trump.

A empresa quis acusar Moraes perante o Tribunal Penal Internacional, por supostamente ser contra a liberdade de expressão.

Em dezembro de 2023 a Rumble foi fechada no Brasil, por não aceitar a ordem de Moraes, de remoção de conteúdo do influenciador Monark.

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Com a eleição de Trump, a empresa retornou em fevereiro deste ano. Moraes deu 48 horas de prazo para a empresa indicar um representante no Brasil, bem como para comprovar a regularidade e validade da representação legal da empresa.

É curioso esse desmonte perpetrado por Trump nas instituições norte-americanas, no comércio internacional e nas próprias relações diplomáticas com os aliados.

Não tem vida longa. Uma economia complexa, como a norte-americana, não tem condições de funcionar sem o aparato institucional criado. É evidente que existem instituições fora do prumo, não cumprindo adequadamente suas funções. Esse quadro exige pente fino, um aprimoramento constante, não uma operação desmonte total, como a que está sendo tocada por Trump-Musk.

Estão desmontando o sistema de ciência e tecnologia, o Obamacare, as políticas de ESG. Há um conjunto latente de conflitos que, em breve, explodirão.

Um conflito óbvio é entre as personalidades de Trump e de Elon Musk. O mundo é pequeno demais para dois egos dessa dimensão.

O segundo serão as desarticulações no comércio internacional e na própria economia interna norte-americana. As tarifas de importação estão sendo promulgadas à galega, sem análise das relações externas de alianças, nem os impactos sobre os preços internos.

Cada imposto de importação tem vencedores – as empresas capazes de produzir o mesmo produto internamente – e os perdedores – os consumidores dos produtos importados.

Hoje em dia, cada produto mais sofisticado é fruto de cadeias de fornecimento globais. O mero anúncio de uma operação aparentemente óbvia – como taxar as importações do México, esperando que a indústria automobilística norte-americana traga de volta suas fábricas – provocou um pânico generalizado, com montadoras falando no risco de inviabilizar o setor automobilístico norte-americano.

O que se tem é o quadro típico do macaco em loja de louças, sem o menor conhecimento sobre os mecanismos de funcionamento do mercado, do país, da diplomacia internacional. E essa história de ter o controle do Congresso e da Suprema Corte não é sólida. O Supremo brasileiro apoiou toda a conspiração do impeachment, atuou até as eleições de 2018, tirando Lula do páreo. E, quando se deu conta da ameaça Bolsonaro, mudou a rota e tornou-se guardião da democracia.

A atual geração de políticos conservadores se fortaleceu pelo discurso antissistema. E por jamais terem sido sistema.

No poder, o jogo é outro. Passado o período inicial, as medidas de choque, terão que se ver frente à dura realidade. Acabam caindo, deixando um rastro de destruição atrás de si.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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