BYE, BYE BRASIL, A FICHA DO GADO AINDA NÃO CAIU

O último bate-papo com o diretor Cacá Diegues e a crônica de um país que espera a denúncia de Paulo Gonet

Bye bye, Brasil, a bateria do celular já caiu, e eu aqui esperando o Gonet, será que terei o prazer…

Lá se foi Cacá Diegues, gênio das Alagoas, no que este cronista, sempre piegas — tanto diante a vida quanto da Velha da Foice — saiu a parodiar a trilha do Chico, da forma mais indecente possível.

Parece até aquele nosso último papo furado no Rio de Janeiro, você nem era imortal acadêmico, e falava que a “patrulha ideológica” era fichinha diante dos atuais cancelamentos. “Deus, esse incansável brasileiro, que me livre e guarde do inferno das redes sociais”, disse o diretor, pelo que guardei na memória depois do terceiro uísque em Botafogo.

“Patrulha ideológica”, explico para quem não se ligava nas tretas da esquerda brasileira das antigas, foi um termo criado por Cacá Diegues, em 1978, diante dos barbudos cricris que lhe enchiam o saco com receitas prontas do “verdadeiro cinema nacional-popular militante”.

Bye bye, Brasil, a ficha do gado ainda não caiu, eu penso que denúncia é de lei, não me diga que está tudo okay…

Sigo na minha versão de boteco, pobre paródia deste disléxico, mas o que importa é firmar a importância da vida & obra do homem de “Ganga Zumba” (1964), “Xica da Silva” (1976), “Tieta do Agreste” (1996) e tantos outros filmes de milhões de testemunhas.

Lá se foi Cacá Diegues, acreditando que Deus segue brasileiro, mesmo depois do tarifaço do Trump.

Pense num ateu que nunca desistiu dos milagres nos trópicos. Assim era o criador de Lorde Cigano, o grande mágico. Talvez o maior ilusionista de todos os tempos. Provo: fez nevar em pleno sertão do Nordeste. Mas o que seria daquela neve toda — um matuto assustado acha que é parece uma chuva de coco ralado — se não fosse também a dança de Salomé.

Essa sim era o próprio milagre que só é possível com reza braba e permanente. Lorde (José Wilker) e Salomé (Betty Faria) atravessaram o país da Ditadura (1979) com as ilusões dramáticas da Caravana Rolidei de “Bye Bye, Brasil”. Fizeram bonito. Só assim conseguimos aguentar aquele pesadelo.

XICO SÁ ” BLOG ICL NOTÍCIAS” ( BRASIL)

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