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Não sei qual a fixação de Elio Gaspari por Costa Cavalcanti, o militar que supervisionou a construção de Itaipu.
Em diversas oportunidades, Gaspari coloca-o como símbolo da moralidade. Hoje voltou a repetir em sua coluna.
Um dia Gaspari explicará o motivo de tal obsessão. Desinformação, não é. Gaspari é autor de uma trilogia que entrou pelas porões da ditadura – ainda que sob o filtro de sua obsessão por Golbery do Couto e Silva.
O embaixador José Jobim foi assassinado pela ditadura depois que, em um coquetel, anunciou sua intenção de denunciar a corrupção na construção de Itaipu.
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Durante décadas, sua morte foi atribuída a suicídio, até que viesse à tona através da Comissão da Verdade.
Costa seria um caso raro de chefe de uma obra envolta em corrupção, cujos beneficiários assassinavam quem ousasse denunciar, mas que saiu pobre, honrado e enaltecido como varão de Plutarco.
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De um conhecedor dos meandros da ditadura
Nao sei se na trilogia a meta de Gaspari era mostrar o papel de Golberi: acho que foi muito mais a de encobrir o papel das instituicoes americanas e britanicas de acao clandestina no Brasil que ele conhecia muito bem.
Golberi era profundamente ligado aos serviços britanicos que no Brasil atuavam gistoricamente a partir do R J e que tinham agentes ligados à antigas ligacoes familiares de agentes britanicos ainda do fim do Imperio e começo da Republica.
Um deles, neto de uma ex excrava e um agente britanico, era Roberto Plassing, com ligacoes na policia do RJ e em SP com a rede de Jose Roberto Whitaker Penteado, com varias coneccoes importantes na imprensa, Forças Armadas etc. Eles se articulavam com a maquina de Cecil Borer, outra figura tortuosa dos anos 50 e 60 no Rio de Janeiro.
Note que num dos livros da trilogia, Elio lamenta profundamente a morte de ” jovem oficial americano ” que nao era outro se nao um dos instrutores da equipe de tortura da Policia do Exercito no quartel da Barao de Mesquita.
Ha um livro de um torturado descrevendo a introducao do “water boarding” e a presença de ” conselheiros” junto às sessoes de tortura. Elio descreve comovido o enterro do jovem oficial em seu Estado natal, sem.nenhum esforço para saber o q ele e outros faziam no Rio e Sao Paulo, tal como Boilensen.
De outro conhecedor de bastidores
Em 1982, impulsionado pelo falecido deputado Milton Reis (MDB-MG), o empresário Coriolano Beraldo foi candidato à prefeitura de Pouso Alegre. Derrotou-o Joao Batista Rosa (PDS), o “Rosinha”, prefeito em vários mandatos.
Beraldo vivia numa mansão em São Conrado, Rio de Janeiro, na exclusiva Rua das Iposeiras, entre artistas e milionários como seus vizinhos. Apenas nascera em Pouso Alegre, tendo se casado com Beatriz, filha de Bilac Pinto, histórico líder da UDN mineira e presidente da Câmara dos Deputados e embaixador em Paris após o golpe de 64.
Coriolano Beraldo foi o chefe de gabinete de Costa Cavalcanti na Itaipu Binacional, sendo homem de sua absoluta confiança.
Em seu falido intento de eleger-se prefeito de Pouso Alegre, em campanha rica, toda a frota de automóveis Volkswagen distribuída entre cabos eleitorais e candidatos à vereador tinha as placas de Foz do Iguaçu, Paraná, onde está localizada a usina hidrelétrica.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)