Pesquisando nos arquivos norte-americanos, fica-se sabendo que Leonora Amar mudou-se de Los Angeles e não mais foi vista em Hollywood.
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Agustin Lata entrou em minha vida musical através de uma interpretação de “Farolito”, por João Gilberto, lá pelos final dos anos 70. Fomos em dois casais acampar em Olinda, Salvador, e passei a viagem inteira com a música na memória.
Na volta, meu primo Oscar matou a charada: era uma das músicas que nossa tia Marta, argentina, nos embalava na infância.
A partir dela, passei a escarafunchar a vida de Agustin Lara. E me tocou profundamente a paixão dele por Maria Felix, tida como a mais bela mulher da sua época. A música foi em sua homenagem sabendo que o talentoso, porém feio Agustin Lara jamais conseguiria alcançá-la.
Mas a legenda de Maria Félix estava à altura de Maria Bonita,, especialmente depois de uma interpretração de Plácido Domingo em 1987, para uma Maria Felix já matrona, mas permanentemente linda.
Mas como tudo começa em Poços de Caldas, recebi o xerox do amigo Hugo Pontes, com um registro da passagem pela cidade de Leonora Amar. A reportagem dizia que ela foi para os Estados Unidos no rastro do sucesso de Carmen Miranda.
Antes, gravou algumas marchinhas, acompanhadas por Laurindo de Almeida.
Foi contratada por uma das redes de televisão, morou com Linda Darnel, a belíssima atriz de “A marca do Zorro”.
Depois, foi atriz principal do longa metragem “O capitão Escarlate”, com ela e Richard Greene nos papéis principais.
Leonora veio ao Brasil devido à morte da mãe. E passou por Poços. Pesquisando nos arquivos norte-americanos, fica-se sabendo que, de repente, Leonora Amar mudou-se de Los Angeles e não mais foi vista em Hollywood.
Mas montou uma produtora no México, e gravou, entre outras peças, uma interpretação linda de “Carinhoso”.
Fuçando um pouco mais, fui bater em velhos arquivos de Acapulco e lá fico sabendo que a verdadeira rainha de Acapulco era nossa Leonora Amar. A última informação é que ele havia voltado para o Rio e se tornado incorporador imobiliário.
Pesquisei na Lista Telefônica do Rio e descobri seu nome. Liguei. Atendeu uma senhora.
- Dona Leonora Amar?
- Sim.
- Estou escrevendo a biografia de Walter Moreira Salles e gostaria de um depoimento seu.
E ela, de bate-pronto:
- Leonora Amar nunca namorou Walther.
- Mas não é a senhora que é a Leonora Amar??
- Não, sou prima dele.
Insisti para encontrá-la, minha secretária ligou várias vezes e nada.
Sua última contribuição ao cinema foi cedendo o apartamento para um film de Arnaldo Jabor, nos anos 70.
Na época, as redes sociais e os emails não tinham se transformado na selvageria atual. Passei a receber e-mails de umas senhora, de codinome Gigi, que sabia tudo sobre o Rio antigo. Ela me contou que Leonora tornou-se amante do JK mexicano, Miguel Aleman Valdez, o primeiro presidente civil do México e responsável pela industrialização do país no período.
Aliás, não foi a única cantora brasileira a ter sucesso nas parcerias com políticos mexicanos. Nos anos 80, Denise de Kalafe, mais conhecida como De Kalafe, radicou-se no México, ficou amiga de políticos e recebeu boas dicas de uma maxidesvalorização do peso.
Gigi era fantástica. Conhecia todos os lençóis do Rio antigo, dos anos 50, inclusive as relações homossexuais de grandes empresários e políticos. Nunca soube quem era.
A última informação sobre Leonora Amar foi em 2012, quando uma senhora, idosa, internou-se em um hospital no Rio. Uma leitora do Blog reconheceu a atriz e colocou em um comentário. A notícia se espalhou mas, dias depois, Leonora apelou para o mesmo desmentido; não era ela, mas sua prima.
Sua morte oficial foi confirmada em 2014.
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LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)