Isolado após cadeirada, Marçal mantém a aposta no comportamento histriônico e desafiador, dificultando debate de bom nível
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A cadeirada em Pablo Marçal não foi capaz de mudar nada em seu temperamento durante os debates eleitorais. No encontro promovido por RedeTV e UOL na manhã desta terça (17), o ex-coach manteve o mesmo comportamento histriônico e desafiador, lançando novamente ilações, provocações e ataques frontais aos adversários na corrida pelo Paço de São Paulo.
Quase todos os candidatos – Datena, Guilherme Boulos, Ricardo Nunes e Tabata Amaral – isolaram Marçal em seu comportamento agressivo, afirmando que o episódio da cadeirada foi infeliz, porém provocado pela conduta do próprio influenciador, que não cansa de agredir a honra de todos. Eles adotaram como estratégia não mais embarcar nas provocações de Marçal, mas o empresário parecia decidido a dobrar a aposta no caos.
Para além da continuidade do confronto entre Marçal e Datena, o debate desta terça foi marcado por nova briga entre o ex-coach e o atual prefeito Ricardo Nunes, que disse que está “decepcionado” com a participação de Marçal nestas eleições.
“Num processo eleitoral, você coloca suas propostas e faz confrontos sobre ideias, mas você chegou agredindo a todos. (…) Nos incomoda essa agressões o tempo inteiro. É preciso elevar o nível e ter respeito com quem vai definir o futuro da cidade”, disse Nunes.
Em resposta, Marçal afirmou que Nunes é agressor de mulher esposa, “tchutchuca do PCC” e que será preso por corrupção na merenda escolar.
Fazendo uso de direito de resposta, Nunes disse que Marçal “saiu da cadeia, mas a cadeia não saiu dentro dele. A forma como ele vem se colocando e tratando as pessoas [nos debates], é a forma de malandragem de cadeia.”
Segundo o candidato à reeleição, Marçal recria com os adversários a mesma estratégia que usou para dar golpes virtuais. “Ele cria na provocação. Ele manda mensagens em solidariedade para as pessoas – como mandou para mim e para o Datena – na mesma estratégia que fez com aqueles aposentados e pessoas humildes, mandando e-mail para eles, querendo ganhar a confiança deles. A pessoa acessava [o link], que levava à abertura de suas contas correntes para ele subtrair os recursos. Quem falou isso é a Justiça, é a condenação de 4 anos e 5 meses, aonde Marçal já foi preso”, comentou Nunes.
Tabata Amaral, que teve seu pai envolvido nas mentiras de Marçal, também condenou a postura de Marçal nos debates e perguntou se ele não se arrepende de tumultuar o processo eleitoral e desrespeitar o público. O ex-coach continuou atacando Nunes em sua resposta, e só amenizou o tom para pedir desculpas à candidata. “Tabata, me perdoe, eu fui injusto com você [na história do seu pai], acredito que eu não sabia o suficiente sobre sua vida. Tá respondida sua pergunta.”
Na opinião de Guilherme Boulos, o foco deveria ser na apresentação de propostas. “Quando a eleição passar, ninguém vai mais lembrar das polêmicas e gritarias que acontecem nos debates, porque elas não dizem nada sobre os problemas reais que o povo de São Paulo enfrenta. Não responde nada para quem espera mais de um ano para fazer uma endoscopia e não consegue.”
Para o debate efetivamente engatar sem um constante bate-boca impulsionado por Marçal, a produção precisou rejeitar inúmeros pedidos de direito de resposta e contar com com a postura firme da mediadora, Amanda Klein. Ela falou mais alto nos momentos de descontrole de Marçal e ameaçou suspender os candidatos que insistissem em tumultuar o programa.
LOURDES NASSIF ” JORNALÇ GGN” ( BRASIL)