O BRASIL NA CORDA BAMBA

Wanderley: não existem militares da reserva. Existem militares!

(…) Wanderley Guilherme é o que demonstra maior perplexidade com o momento atual. “O momento é de elevada imprevisibilidade. Isto não tanto pela conjuntura, mas pelos atores, que são visivelmente despreparados e de instabilidade assustadora”, comentou em entrevista por telefone.

Segundo o professor aposentado de teoria política da UFRJ, “o governo atual não lança raízes, é um acidente da história, com consequências. É um governo frágil, exceto pela falta de alternativas a ele”. Para Wanderley Guilherme, “há um avanço mundial do conservadorismo, em cada país com sua forma, com sua institucionalidade e com seus acidentes históricos. É uma reação ao fim de uma revolução industrial, a ruptura de um modelo que veio de séculos. O Brasil não tem escala para enfrentar isso. Será levado de roldão. O pensamento do governo em relação a isto não tem efeito na realidade. O que tem efeito na realidade é o nosso atraso material”.

O autor do artigo “Quem dará o golpe no Brasil”, publicado às vésperas do movimento de 1964, com muito impacto na ciência política, considera que a definição sobre o que representará o governo Bolsonaro poderá vir dos militares. “Não existem militares da reserva, existem militares. Este é um governo metade de tutela, metade ocupação. Isto coloca uma ameaça muito grande. Há um aforismo de que o poder corrompe. Porque um oficial de reserva que teve uma vida modesta ao longo de toda a sua carreira de repente tem carro oficial, chofer, avião a toda hora. Depois de quatro anos dessas facilidades, ninguém quer sair. O poder corrompe na prática social.” (…)

WANDERLEY GUILHERME DOS SANTOS ” CONVERSA AFIADA” ( BRASIL)

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