Para Claudio Couto, Biden também conta com parte do eleitorado democrata desiludido por cumplicidade com Israel à luz da guerra em Gaza
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O fraco desempenho do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no debate presidencial contra o ex-presidente Donald Trump evidenciou ainda mais que, se Biden insistir em sua candidatura, é muito provável que perca a disputa, entregando assim o país à extrema-direita.
A opinião é do cientista político Cláudio Couto, que elucidou o tema junto do jornalista Luis Nassif durante o programa Política na Veia desta terça (02/07), uma parceria entre GGN, CartaCapital e podcast Fora da Política Não Há Salvação.
“Ele insistindo na candidatura, e sendo muito provavelmente derrotado – o que me parece inevitável – (Biden) vai sair muito menor, como aquele cara que deu o país de bandeja para a extrema-direita”, opina o cientista.
Couto destaca que, diante das dificuldades de articulação e raciocínio que Biden apresentou durante o debate presidencial, “não há a menor condição de que ele tenha mais um quadriênio na presidência.”
Outro ponto destacado ao longo do programa foi que, mesmo que Biden tenha tido um desempenho considerado “um desastre” no debate presidencial, o democrata apareceu no dia seguinte em um comício “esbanjando energia.”
“Foi um contraste muito grande. Estamos falando de um presidente que apresentou aquele quadro [baixo desempenho] no debate, mesmo tendo uma visível melhora “orgânica” no dia seguinte“, compara Couto.
Para o cientista político, o contraste levantou ainda mais dúvidas sobre a capacidade do atual presidente dos EUA de exercer a presidência por mais quatro anos.
“Será que ao longo dos quatro anos, ele estará cada vez mais próximo ao Biden do debate ou do Biden do dia seguinte? Eu imagino que muito eleitor americano deva estar fazendo uma pergunta similar a essa, se alguém que vai chegar, pelo menos, ao meio de um mandato, terá o mínimo de condições de saúde para governar“.
O apoio ao genocídio perpetrado por Israel em Gaza
Em uma eleição que seria complexa por natureza devido à idade avançada de Joe Biden, o democrata também tem perdido o apoio de uma parte significativa do eleitorado, incluindo jovens, negros e hispânicos.
Embora a maioria apoie o Partido Democrata, muitos estão desiludidos com o líder norte-americano pela falta de firmeza em lidar com a guerra em Gaza.
“Estão todos desanimados com Biden, com a pusilanimidade dele, com a cumplicidade dele com relação à questão Palestina, o genocídio que Israel perpetra em Gaza”.
“Você tem um eleitor desmotivado, um presidente que não mostra condições de ter um novo mandato, e isso acaba jogando o Biden na condição de candidato franco favorito à derrota”.
O fracasso no primeiro debate presidencial entre Biden e Trump
O primeiro debate presidencial dos Estados Unidos, entre o atual presidente democrata Joe Biden e o ex-presidente republicano Donald Trump, foi marcado por 1h40 de ataques pessoais e mentiras transmitidas pela emissora norte-americana CNN na última quinta-feira (27).
De acordo com a imprensa local e analistas, o democrata falhou em rebater diversas notícias falsas propagadas pelo republicano durante o debate, além de não conseguir capitalizar os pontos positivos de seu governo na economia, atribuindo a inflação principalmente à pandemia.
No entanto, Biden rebateu algumas acusações e chegou a acusar Trump de ser um criminoso ao trazer à baila o caso com a ex-atriz pornô Stormy Daniels – que levou o republicano a ser processado e condenado judicialmente em maio – o chamando de criminoso e traidor, por ter enganado sua esposa grávida.
Entre as análises que repercutiram o debate, a jornalista australiana independente Caitlin Johnstone levantou uma questão central ao publicar um artigo destacando como a imprensa e a classe política global têm focado no desempenho controverso dos presidenciáveis na CNN americana.
Devido ao desempenho questionável de Biden, a palavra “demência” dominou as discussões nas redes sociais, e até setores do Partido Democrata começaram a pressionar o presidente dos Estados Unidos a desistir da reeleição.
No entanto, Caitlin levanta uma questão provocativa: se Biden não está mentalmente apto para enfrentar a eleição em novembro, é ainda mais preocupante que ele já esteja ocupando a presidência.
“É muito revelador como todos estão se concentrando no que o desempenho confuso de Biden diz sobre sua capacidade de vencer a reeleição, e não sobre o fato de que o atual presidente em exercício dos Estados Unidos tem demência“.
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Assista aqui:
CARLA CASTANHO ” JORNAL GGN” ( BRASIL)
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN