
CHARGE DE AROEIRA ” BLOG BRASIL 247″
A guerra é o horror, e aqueles que a buscam são também horrorosos, escreve Chico Teixeira
“A guerra é o horror” — ou “War is Hell”, conforme afirmou o Gal. William Sherman, em 1864, quando suas tropas incendiaram a cidade de Atlanta. Notemos que não se trata de “um horror”, ou “um inferno”. Não é uma adjetivação. É a concretude de uma realidade substantiva. É o reconhecimento de que toda guerra é destruição, sofrimento e morte.
De forma corrente — desde a emergência da guerra moderna, industrial e de massas, com a Guerra da Crimeia, a Guerra Civil Americana e a Guerra Franco-Prussiana — civis e suas cidades tornaram-se, em maior número que os próprios combatentes, os alvos preferenciais para destruição. Vejam as vítimas soviéticas ou chinesas na Segunda Guerra Mundial.Play Video
Ao lado da guerra, agora pós-industrial e cibernética, desenvolvem-se genocídios brutais, como os armênios em 1915-1916, o Holocausto entre 1939-1945, ou Ruanda em 1994. A ilusão de uma guerra humanitária foi desmascarada por Clausewitz desde 1830 — a guerra que se quer humanitária torna-se ainda mais criminosa, como no ataque da OTAN contra a Líbia em 2011.
A chegada das armas atômicas potencializou a tal ponto o “Axioma de Sherman” que hoje todo o planeta, e a humanidade, estão sob risco letal. A tentativa de uma guerra cirúrgica, rápida e letal — como no Iraque testou-se a doutrina “Nós atiramos, eles morrem”, de Bush-Rumsfeld — resultou em mais de 100 mil mortos iraquianos e 394 tropas americanas, apenas durante os combates iniciais. A insegurança, o banditismo, a fome e o terror geraram milhares de outras mortes.
Armas inteligentes, “assassinatos seletivos” e operações cirúrgicas são eufemismos para mortes em massa, como em Gaza, ou agora com os edifícios residenciais em chamas em Kiev, Kursk, Teerã e Tel Aviv. Trata-se da névoa da guerra pré-dizer uma guerra do tipo “zero kill”: toda guerra é sofrimento. A destruição de infraestruturas não é distinta, hoje, num mundo urbano e superpovoado, da matança de civis.
Os pretensos “domos” de ferro ou ouro não garantem a inviolabilidade de um atacante ou de um atacado. A guerra é cara, incentiva inovações e é oportunista: busca brechas e janelas de oportunidade. Os homens que dizem querer destruir meios de guerra de outros em nome da paz — e não povos — mentem. São criminosos por enganar o seu povo e trucidar outros povos. Mesmo os que não lutam, mas armam, financiam e sustentam guerras alheias, são criminosos. Diplomatas limpinhos que paralisam a ONU e sabotam negociações de paz são criminosos.
A guerra é o horror, e aqueles que a buscam são também horrorosos. A verdade é simples: sabemos como as guerras começam, porém, depois do primeiro tiro, não sabemos como acabam. Afirmar que fazem a guerra para assegurar a paz é hipocrisia que mal oculta o desejo de poder, vanglória e interesses econômicos indizíveis. Aqueles que começam guerras estarão para sempre na História como criminosos. Ao menos enquanto tivermos uma História para contar.
CHICO TEIXEIRA ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)