O QUE ESPERAR NO NOVO LÍDER DOS SOCIALISTAS PORTUGUESES: JOSÉ LUÍS CARNEIRO

José Luís Carneiro foi sempre partilhando o seu pensamento político relativamente a várias áreas, defendendo modelos de governação assentes da proximidade aos cidadãos.

No início do ano, ainda como simples deputado socialista num dos vários artigos e ensaios que foi escrevendo aqui no Diário de Notícias, José Luís Carneiro previa que 2025 seria o “Ano de Clarificação” no panorama político.

Certamente, muito longe ainda de imaginar que se tornaria, passados seis meses, no novo secretário-geral do seu partido e muito mais distante de adivinhar que esse mesmo partido poderia ser o terceiro maior, pela primeira vez na história, escrevia: “Por força de muitos dos acontecimentos vivenciados nos últimos anos, 2025 pode ser decisivo na definição da futura ordem internacional, quer no plano político, quer no plano económico. E no plano interno, também haverá clarificação política”.

Na hecatombe que sucedeu ao PS, a praticamente certa liderança de José Luís Carneiro será sempre uma vantagem, na medida em que foi sempre partilhando o seu pensamento político relativamente a várias áreas, defendendo modelos de governação assentes da proximidade aos cidadãos (é defensor da descentralização), no fortalecimento do Estado Social e, de uma forma pragmática, conciliando a liberdade económica com a igualdade e a coesão social.

Defensor de reformas no Estado para “qualificar a democracia”, através de consensos entre partidos e parceiros sociais, sublinhou num ensaio em final de março (“Sobre os tempos políticos de incerteza”) que só com entendimentos políticos alargados se garantia a governabilidade, propondo um diálogo transversal.

Para a Segurança, matéria e que teve mais experiência governativa, enquanto ministro da Administração Interna, contrariou “alarmismos”, lembrando que “o facto de sermos um País seguro tem contribuído para a coesão nacional, para o crescimento exponencial do turismo, para a atração de investimento direto estrangeiro, para o crescimento da nossa economia e do emprego”.

Não esquecendo que “Portugal não é uma ilha desligada do mundo”, sublinhou que “as vítimas de violência doméstica têm vindo a aumentar”, e que “a delinquência juvenil e a criminalidade grupal exigem uma atenção muito especial”.

Todas opiniões em que o PSD também estará de acordo. O problema pode estar em obter “consensos alargados” estendendo-os ao Chega que legitimamente o exigirá, como provável nova segunda maior força partidária.

Aqui, numa das principais bandeiras deste partido, a imigração, o pensamento de José Luís Carneiro choca pesadamente, não só com o de Ventura, mas também com o do PSD.

Contra a onda forte de desaprovação das manifestações de interesse (uma via de regularização para quem já se encontrava no país, mesmo que tivesse entrado ilegalmente) – considerada por especialistas como uma das causas para o descontrolo na imigração e uma entrada massiva que, atestaram investigações judiciais, alimentou redes criminosas – Carneiro defende este regime, que o governo AD já revogou em julho de 2024, fazendo diminuir em quase 60% a entrada de imigrantes no nosso país.

Lealdade cega a António Costa, cujo governo, no ano de 2017, facilitou ainda mais as entradas sob este regime? É uma explicação. Outra pode ser a de se afastar da posição de Pedro Nuno Santos, que se manifestou contra aqueles processos.

VALENTINA MARCELINO ” DIÁRIO DE NOTÍCIAS” ( PORTUGAL)

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