
Domingo, 18 de maio de 2025, Portugal foi atingido por um verdadeiro terremoto político eleitoral. Terceira eleição em 3 anos.
A direita democrática ( Luís Montenegro, AD) e a extrema direita ( André Ventura, CHEGA) tiraram de campo um dos partidos responsáveis pela democracia portuguesa nos últimos 50 anos: o Partido Socialista ( onde foram parar os votos das eleições anteriores: 1 milhão ? ) .
Em consequência, derrubando seu líder Pedro Nuno dos Santos, que estava há apenas por 1 ano e 8 meses liderando o partido em substituição à António Costa, primeiro-ministro socialista que liderou o partido e o país por 8 anos.
Os comentaristas da comunicação social de Portugal ( mídia impressa e mídia eletrônica) não analisaram a maneira como os eleitores portugueses interpretaram o cenário político desde o dia em que foi comprovado que o Primeiro-Ministro da AD, Luis Montenegro, misturou sua atividade de empresário em Espinho com a função pública, ao receber 4 mil euros ( 30 mil reais) mensais de um de seus clientes, um grupo ligado ao universo dos cassinos.
Esta questão ética, fator que Pedro Nuno dos Santos considerou capaz de tornar o primeiro-ministro da Ad inidôneo para a função publica, parece não ter sido levado em conta pelos eleitores portugueses que sufragaram a direita democrática com mais de 300 mil votos em comparação com o pleito anterior em que socialistas e a direita democrática ficaram há 50 mil votos de diferença.
Por quê ?
Como o público eleitor de Portugal interpreta os fatos políticos do dia a dia cobertos pelas mídias ?
Primeira hipótese: na leitura da massa portuguesa, todo político é corrupto, sendo Luís Montenegro, um empresário de sucesso, com dezenas de clientes, por consequência, insuspeito, por não precisar se utilizar da máquina pública para enriquecer.
Segunda hipótese: ética é um conduta moral só entendida pelas elites.
O primeiro – ministro socialista António Costa afastou-se do governo de maioria absoluta, quando o Ministério Público de Portugal levantou uma suspeita em seu comportamento público.
Como disse ao se afastar e provocar novas eleições: “ Um Primeiro-Ministro não pode continuar no cargo se houver qualquer leve suspeita de seus atos”.
Nada foi comprovado e António Costa hoje é Presidente do Conselho Europeu sediado em Bruxelas.
Terceira hipótese: uma parcela da sociedade portuguesa têm saudades da época de Salazar e se incorpora na tendência europeia de sufragar líderes de direita, como ocorre na Itália ( Meloni) e Hungria ( Orban).
A campanha politica institucional teve um auxílio de um publicitário brasileiro: Sérgio Guerra, que ao criar o mote “ Deixa o Luís Trabalhar”, nada mais fez do que adaptar o slogan criado para Lula “ Deixa o Homem trabalhar”.
Do lado socialista, a campanha foi confusa e amadora, sem um conceito capaz de fixar os eleitores.
Agora resta aos socialistas curarem as feridas, reerguer o partido nos próximos três anos e conviverem com um novo cenário politico: direita democrática versus extrema direita, a novela política que será exibida por todos os canais de TV.
PATRICIO BENTES ( ALLTV)
Patricio Bentes é jornalista e sociólogo