
CHARGE DE FRAGA ” ZERO HORA/ RS”
Em ‘Original Sin’, lançado no dia 20, os jornalistas Jake Tapper, da CNN, e Alex Thompson, do Axios, garantem que equipa chegou a pensar colocar o presidente democrata numa cadeira de rodas.
Num evento repleto de estrelas de Hollywood, na Califórnia em junho passado, o então presidente Joe Biden não terá conseguido reconhecer o anfitrião, George Clooney. “Obrigada por ter vindo”, terá dito o também candidato democrata às presidenciais de novembro ao ator, vencedor de dois óscares, antes de um membro da sua equipa lhe lembrar: “Conhece o George”. O episódio é descrito pelos jornalistas Jake Tapper, da CNN, e Alex Thompson, do site Axios, no seu livro Original Sin (literalmente Pecado Original), que vai ser lançado a 20 de maio, e no qual acusam a equipa da Casa Branca mais próxima de Biden de encobrir a sua deterioração física e mental durante a campanha.
De acordo com os dois autores, a situação era tão grave, que os conselheiros do presidente consideraram mesmo colocá-lo numa cadeira de rodas. “A deterioração física de Biden – mais aparente no seu andar hesitante – tornou-se tão grave que houve discussões internas sobre colocar o presidente numa cadeira de rodas, mas só o poderiam fazer depois das eleições”, escrevem Tapper e Thompson.
Estas alegações já estão a ser rejeitadas pelos antigos conselheiros do presidente. Um porta-voz do ex-presidente, que fez 82 anos dias depois das eleições, garantiu aos media que “provas do envelhecimento não são provas de incapacidade mental”, sublinhando que Biden foi “um presidente muito eficaz”. E na primeira entrevista desde que deixou a Casa Branca, em janeiro, o próprio Biden repetiu na semana passada à BBC que “não me parece que tivesse feito qualquer diferença” se tivesse desistido da corrida mais cedo.
Mas não é de agora que algumas vozes no campo democrata culpam Biden pela derrota da sua vice-presidente, Kamala Harris, face a Donald Trump em novembro. Para estes democratas, se o presidente tivesse desistido mais cedo – só o vez em julho, deixando pouco mais de três meses a Harris para montar uma campanha – talvez o resultado tivesse sido diferente.
O próprio livro, baseado em duas centenas de entrevistas mas que recorre sobretudo fontes anónimas, cita David Plouffe, gestor de campanha de Barack Obama em 2008 e que trabalhou também na equipa de Harris, segundo o qual “como partido, fomos tão lixados por Biden!”
O próprio Clooney, dias depois do tal evento em que Biden não o terá reconhecido escreveu um artigo de opinião no The New York Times a apelar a que deixasse a corrida.
Em Original Sin, Tapper e Thompson garantem ainda que Biden se esquecia dos nomes dos seus mais antigos conselheiros, incluindo Mike Donilon, o conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan ou a diretora de comunicações da Casa Branca Kate Bedingfield.
REPORTAGEM DO ” JORNAL DIÁRIO DE NOTÍCIAS” ( PORTUGAL)