A GUERRA PERDIDA DE KIEV

“A guerra foi um sacrifício inútil para centenas de milhares de soldados dos dois lados porque acabará exatamente onde começou”, escreve J. Carlos de Assis

13 de fevereiro de 2025, 21:45 h

CHARGE DE KIN ( BRASIL)

Donald Trump pode ser um louco, e de fato é, mas não rasga nota: no caso da guerra na Ucrânia, ele está do lado certo. Antes mesmo do início do conflito, entendia que a Rússia tinha todas as razões para se defender das guerras “híbridas” que estavam sendo disseminadas no mundo pelos Estados Unidos, entre as quais, notadamente, a que se preparava para ser aplicada contra Moscou a partir de Kiev.

 A ameaça vinha do Departamento de Estado norte-americano, que se associou a grandes magnatas internos e externos, como George Soros, para financiar levantes populares contra governos em países simpáticos à Rússia, ou nela própria. Era o caso da Ucrânia, que, enquanto dirigida por um presidente legitimamente eleito, Viktor Yanukovich, fazia um jogo de equilíbrio entre Leste e Oeste, ligeiramente inclinado para Moscou.

 Yanukovich foi derrubado em 2014 a partir de violentas mobilizações populares em Kiev por nazistas e fascistas russófobos com características típicas de guerra “híbrida”, isto é, uma estratégia de conflito que combina ações militares com outras táticas, como desinformação, ciberataques, intervenção em assuntos internos e denúncias de corrupção para desestabilizar governos, entre outras ações. Aconteceu no Brasil, a partir de 2014, com a presidente Dilma.

 Segundo a revista norte-americana “Foreign Affairs”, o oligarca George Soros, que, através de centenas de ONGs no mundo, inclusive no Brasil, tem como objetivo difundir a “democracia” nos antigos países da União Soviética e em países simpáticos aos russos, chegou a ameaçar Putin com o mesmo destino de Yanukovich. Sua tática só poderia ser a mesma guerra “híbrida” que tirara o ucraniano do poder, pois seria impossível derrubar Putin de outro jeito. 

 Moscou, portanto, tinha sérios motivos para manter afastadas do seu território as fronteiras da OTAN, a fim de evitar infiltrações de sabotadores e provocadores de uma guerra “híbrida” contra o governo legítimo do País. Na realidade, desde o fim da União Soviética, havia um acordo tácito entre os dirigentes ocidentais e russos para que a OTAN não se expandisse para o Leste, chegando às fronteiras russas. Os americanos traíram esse acordo.

 Entretanto a OTAN, que como o Pacto de Varsóvia deveria ter sido extinta depois do fim da Guerra Fria, passou a avançar sobre o Leste atraindo para sua órbita de influência os países da antiga União Soviética, sob o argumento da expansão da “democracia” e da necessidade de contenção de uma suposta agressividade militar russa contra o Ocidente, que nunca existiu. Do lado russo, a expansão da OTAN era vista como uma ameaça direta a seu território e sua segurança nacional, especialmente na época das “guerras” híbridas.

 Essas questões nunca foram bem explicadas pela imprensa ocidental, totalmente manipulada pelos Estados Unidos e seus subordinados na Europa. Diante disso, a invasão da Ucrânia pela Rússia foi tomada como uma agressão, enquanto, na verdade, foi um ato defensivo. É isso que Trump reconheceu ainda como candidato presidencial, e que está sendo confirmado agora por seu secretário de Estado, Marco Rubio, que anunciou que a Ucrânia não recuperará o território perdido na guerra.

 Na campanha, Trump havia dito que a “guerra na Ucrânia nunca deveria ter começado”. Tinha razão. Começou porque, na obsessão de entrar para a OTAN, um palhaço de televisão chamado Volodimir Zelensky, sem qualquer experiência política, assumiu o poder presidencial e pediu sua filiação à organização militar ocidental. Qual seria sua razão para isso? Antes da guerra, a Rússia tinha emitido qualquer sinal de que invadiria a Ucrânia ou outro país ocidental?

 Para proteger seu território, Putin considera que a continuação da expansão da OTAN para o Leste, via atração para sua órbita não só da Ucrânia mas também da Geórgia, é inaceitável segundo seus critérios de segurança nacional. Havia advertido a esse respeito todos os líderes da Aliança Militar Ocidental. Não foi levado a sério. A situação agravou-se com a chegada ao poder de Zelenszy, que fez um pedido formal de adesão à União Europeia como primeiro passo para a entrada na OTAN.

A guerra foi um sacrifício inútil para centenas de milhares de soldados dos dois lados porque acabará, sob a decisão neste caso totalmente justificada de Trump, exatamente onde começou, ou melhor, com um ganho adicional para a Rússia: todos os territórios que esta ganhou na campanha militar vão lhe ser incorporados ou tornados independentes, sob sua influência, independentemente do que quer Zelensky e seus derrotados financiadores da Europa, que perderão o patrocínio americano e não terão como levar avante, sozinhos, seu suporte ao governo nazista ucraniano. Além disso, Rubio também esclareceu que a Ucrânia jamais entrará para a OTAN, como queria o presidente-palhaço.

JOSÉ CARLOS DE ASSIS ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)

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