INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, O FUTURO DO TRABALHO E A SOBERANIA DE DADOS

CHARGE DE FRAGA

Especialistas destacam a falta de compromisso da IA generativa com os fatos, pois a ferramenta tecnológica os inventa e demanda checagem constante

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O programa Nova Economia da TVGGN da última quinta-feira (12) debateu inteligência artificial, futuro do trabalho e soberania de dados com o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Márcio Pochmann, e o professor titular do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP), Glauco Arbix. 

Em relação à possibilidade de minar posições de trabalho, Arbix observa que apesar do potencial no aumento da produtividade, as provas e evidências de que a inteligência artificial teve grande impacto ainda são pequenas. 

“Ainda mais nessa última leva, nessas tecnologias mais recentes, chamadas IAs generativas, os grandes modelos de linguagem que causaram uma sensação muito grande quando foram lançados em novembro de 2022, continua mostrando os  mesmos defeitos, ele continua mostrando os mesmos problemas que ele mostrou quando foi lançado”, comenta o docente.

Entre os problemas apresentados pelas IAs generativas, Arbix destaca a falta de compromisso com os fatos, pois a ferramenta tecnológica os inventa e demanda checagem constante, tornando-se um problema para as empresas.

“O resultado disso é que tem uma queda acentuada, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, do investimento empresarial na IA generativa, não na IA que está ligada à inteligência artificial, que está ligada aos processos da fase anterior, a machine learning, a deep learning, que são utilizados intensamente em várias áreas da economia”, emenda.

Entre os pesquisadores, consequentemente, é o ceticismo em relação à inteligência artificial generativa. Arbix comenta que Menaka Shroff, executivo do Google, colocou a gigante da tecnologia em uma situação embaraçosa em entrevista recente ao afirmar que a IA generativa ainda tem de demonstrar o seu valor. 

“Do ponto de vista do emprego, veja, acho que a grande mudança que nós temos é que há transformações nas atividades de trabalho muito fortemente. Do ponto de vista do emprego, nos países mais avançados, a IA ainda não começou a fazer o seu estrago”, garante.

No Brasil, inclusive, o cenário no mercado de trabalho deve ser ainda mais favorável. Isso porque o país está tão atrasado no desenvolvimento de tecnologias próprias, na automação e no processo de digitalização da economia que muitos postos de trabalho serão mantidos. 

Soberania nacional

O programa contou ainda com a participação de Márcio Pochmann, do IBGE, que resgatou a importância histórica do instituto para a construção de políticas públicas e o grande desafio de desenvolver novas metodologias não só para garantir a soberania nacional, mas também para entender as novas dinâmicas econômicas do país.  

“Nós temos dificuldade de saber, por exemplo, qual é a dimensão da economia digital no Brasil. Há alguns indicadores, né, que são feitos em outros países. Então, nós temos países que estão muito mais avançados, como é o caso da economia chinesa, por exemplo. Pesquisas inovadoras estão sendo feitas lá, como também o dimensionamento do emprego”, comenta Pochmann.

Entre os desafios atuais do IBGE está a compreensão e qualificação da situação de diversos jovens e adultos do país, que desempenham atividades monetizadas na internet e plataformas digitais, mas não as entende como emprego. 

“Estou só aqui chamando a atenção para o fato que as estatísticas e o IBGE, muito preocupado, muito sensível a identificar  o que é hoje essa economia digital, porque, obviamente, o PIB brasileiro pode ser muito maior do que nós temos hoje. Esse é um problema não só do Brasil, isso é uma questão mundial, e, ao mesmo tempo, nós temos também a dificuldade da realização das pesquisas”, continua. 

Confira o debate completo na TVGGN:

CAMILA BEZERRA

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