GRANDE OTELO GANHA DOCUMENTÁRIO NA PRIMEIRA PESSOA

Alterado em 06/09/2024 às 11:27

‘Othelo, o Grande’ é todo composto por imagens de arquivo, e fala por si só Foto: cartaz/reprodução

Nascido Sebastião Bernardes de Souza Prata, em Uberlândia, MG, o mineiro mais carioca de todos se consagrou com o codinome Grande Otelo (uma brincadeira com sua estatura e com o Othelo, de Shakespeare, que é negro). O ator, que faleceu em 1993, de um ataque cardíaco, quando estava em Paris, ganha um documentário sobre sua vida e carreira, ‘Othelo, o grande’. O filme, vencedor do prêmio de Melhor Documentário no Festival do Rio 2023, é todo narrado pelo próprio Otelo, através de diversos trechos de filmes e entrevistas. Grande Otelo é um dos maiores atores e comediantes (por longo tempo, fez dupla com o comediante Oscarito) da história do Brasil. E também um ator que vivia os personagens com naturalidade. Vide sua magnífica interpretação como o sambista Espírito da Luz, em ‘Rio, Zona Norte’ (1957), de Nelson Pereira dos Santos.

Dirigido por Lucas H. Rossi dos Santos e produzido por Ailton Franco Jr., o filme já está em cartaz nos cinemas. Com mais de 300 horas de material pesquisado, a obra chegou ao corte final após minuciosa análise feita por seus realizadores (ficou com apenas 82 minutos!). O longa revela ao grande público e apresenta para as novas gerações as diversas facetas do artista. Otelo trabalhou com cineastas como Orson Welles (‘It´s all true’), Joaquim Pedro de Andrade (‘Macunaíma’), Werner Herzog (‘Fitzcarraldo’), Julio Bressane, Marcel Camus e Nelson Pereira dos Santos. O filme é narrado em primeira pessoa e utilizando imagens de arquivos, via pesquisas na Cinemateca Brasileira e em arquivos no Brasil e nos EUA. Um material precioso.

Ao abrir mão de trazer depoimentos externos, a produção capta essencialmente a alma de seu protagonista (que quis ser artista para poder comer bife à cavalo, como diz numa entrevista), se afastando de narrativas exóticas e mistificadas sobre o artista (que era órfão). Foi uma boa opção. A mais do que necessária homenagem reabilita a imagem de Otelo (que foi casado com a atriz Josephine Helene, ainda viva) para um público que tem deixado cair no esquecimento a memória desse talento ímpar (em novembro, se completarão 31 anos de sua morte) e dos grandes nomes do cinema brasileiro. Quem não conseguir assistir ao documentário nos cinemas, em breve, poderá vê-lo no Canal Brasil, e também no streaming

TOM LEÃO ” JORNAL DO BRASIL” ( BRASIL)

Globoplay.

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