Com Barnier no Elysée, Macron declarou guerra ao centro e à esquerda.
Michel Barnier é um dos mais experimentados políticos franceses no ativo e foi ontem escolhido por Macron para ser o próximo primeiro-ministro francês. Culto, tecnicamente muito forte, experiente, foi ministro em diversas pastas, comissário europeu, negociador do Brexit. Não há de ser por ele que o Governo vai fracassar. Pequeno pormenor: Barnier é um histórico dos Republicanos, partido herdeiro das últimas e decadentes sobras do gaulismo, que foi apenas o quarto mais votado nas últimas eleições. Macron tem legitimidade para a nomeação, mas a França vai continuar na perigosa senda de uma vertiginosa crise do regime democrático. Com esta cartada, Macron atirou para o lixo a legitimidade do voto popular, que deu uma vitória à frente de esquerda, com socialistas, verdes e a França Insubmissa, de Mélenchon. Não negociou nada com os vencedores, acabou a piscar o olho a um compromisso espúrio entre o campo conservador e o partido de Le Pen e Bardella. Acabou, afinal, a piscar o olho à extrema-direita francesa, de quem depende agora para ver viabilizado um Governo que vai morrer um pouco todos os dias, submetendo-se a um desgaste brutal, até às eleições presidenciais de 2027. Marine Le Pen não poderia estar mais feliz, depois de ter perdido as eleições, mas ter visto o seu partido a consolidar-se em todo o país. A sua hora está mesmo a chegar.
ANTONIO DA DÃMASO ” CORREIO DA MANHÔ ( PORTUGAL)
Duas pessoas foram detidas.