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Desenvolver uma vacina contra os quatro tipos de dengue é um desafio maior para os cientistas em comparação com as vacinas contra Influenza e Covid-19. A afirmação é do diretor médico de desenvolvimento clínico do Butantan, José Moreira, que falou com exclusividade ao Jornal GGN a respeito do imunizante em desenvolvimento pelo instituto paulista, em meio ao surto de dengue que assola o País.
A vacina do Butantan contra a dengue vem sendo desenvolvida há mais de 15 anos e o instituto pretende enviar “em breve” à Anvisa o pedido de licença de uso, na expectativa de que o imuni
“É extremamente difícil desenvolver essas plataformas de prevenção para quatro sorotipos de dengue. Na verdade, são quatro vacinas em uma. Nós temos a dengue tipo um, dois, três e quatro, e a de tipo dois está mais associada à doença sintomática, que resulta em mais quadros graves, como a dengue hemorrágica”, comentou Moreira.
Enquanto a vacina do Butantan, a primeira nacional, não fica pronta, o governo federal começará a distribuir em fevereiro, por meio do SUS, doses da vacina Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda, para crianças entre 10 e 14 anos.
Porém, a vacinação de apenas um nicho da sociedade usando a Qdenga, e considerando o intervalo de três meses entre cada uma das duas doses necessárias para completar o ciclo de imunização, será insuficiente para conter o surto atual, quando os casos de dengue deram um salto de 300% em relação ao ano anterior.
A avaliação é da própria ministra da Saúde, Nísia Trindade, que admitiu nesta quarta (7) que não é possível “vender a ilusão” de que a vacina Qdenga será a solução final para a pandemia atual, sendo necessário investir em prevenção.
A Qdenga e a vacina do Butantan são produzidas com o vírus da dengue atenuado, que estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos contra a infecção. A diferença é que o imunizante do Butantan contém os quatro sorotipos do vírus da dengue em versões enfraquecidas, enquanto a Qdenga ataca apenas o tipo dois.
“Nossa vacina não é pioneira, existem outras duas licenciadas no mercado nacional e internacional, e algumas outras em fases mais precoces de desenvolvimento clínico. Mas a verdade é que há dificuldade em desenvolver esses ensaios clínicos, que são caros e morosos. É preciso, no mínimo, cinco anos de acompanhamento dos participantes nos testes, por exemplo. É bem mais desafiador o desenvolvimento dessa vacina [da dengue] do que comparado com a vacina de Influenza ou Covid”, disse Moreira ao GGN.
Assista a entrevista abaixo:
CINTIA ALVES ” JORNAL GGN” ( BRASIL)
Cintia Alves é jornalista especializada em Gestão de Mídias Digitais. Ingressou como repórter no Jornal GGN em 2014, participando da cobertura e produção de documentários sobre a Operação Lava Jato. Atualmente é editora e coordena a produção do canal TV GGN, no Youtube, entre outros projetos.