PESQUISA ATLAS INTEL: 62 POR CENTO REJEITAM LIRA, QUE QUER MANDAR NO ORÇAMENTO

CHARGE DE MIGUEL PAIVA

Nesta semana, durante a abertura do ano legislativo, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, adotou um tom de hostilidade e ameaça ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Insatisfeito com o “Monte Everest” de dinheiro público reservado para os parlamentares em 2024, Lira afirmou que o Orçamento federal não é de autoria exclusiva do governo e de uma “burocracia técnica” que não “gasta a sola do sapato” percorrendo pequenos municípios como os congressistas. Fora da tribuna, o deputado pediu a cabeça do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Em resposta, Lula disse não. No Planalto, a avaliação para a hostilidade do presidente da Câmara seria a de que Lira busca agradar, principalmente, os bolsonaristas, e marcar posição visando sua sucessão na presidência da Câmara no próximo ano. Em 2022, Lira fez campanha coladinho com a extrema-direita e apoiou a reeleição fracassada de Jair Bolsonaro. 

Apesar de falar grosso com o governo, Lira enfrenta uma alta rejeição quando submetido à avaliação da população. É o que mostram dados da nova pesquisa AtlasIntel, divulgada nesta semana. Segundo o levantamento, Arthur Lira é avaliado negativamente por 62% dos entrevistados. Uma rejeição altíssima. Apenas 15% disseram ter uma imagem positiva e 23% não responderam. Lira fica atrás somente do ex-juiz suspeito e atual senador, Sérgio Moro, que tem avaliação negativa de 65%. Líder da destruição provocada pela operação Lava Jato, Moro aguarda a hora de ter seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico nas eleições de 2022. Já para o presidente Lula, a pesquisa AtlasIntel mostra um quadro diferente, de aprovação. O petista é avaliado positivamente por 51% dos entrevistados. 45% o avaliaram negativamente e 5% não responderam. A pesquisa ouviu 7.405 pessoas entre 28 e 31 de janeiro. A margem de erro é de um ponto percentual para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.

A gritaria de Arthur Lira contra o governo é a tradução de sua voracidade pelo controle do orçamento federal. Nunca antes na história desta jovem República o Congresso deteve tanto poder sobre a execução orçamentária. Desde o golpe de 2016, que derrubou Dilma Rousseff da presidência sem crime de responsabilidade, o Congresso foi paulatinamente ampliando seu poder sobre as despesas do governo, anabolizando seus tentáculos por meio das emendas parlamentares. Criou-se uma distorção grave no equilíbrio dos poderes, uma manipulação antidemocrática para alterar o regime de governo do Brasil, de presidencialismo para um parlamentarismo acochambrado. Sem plebiscito, sem ouvir a população. 

Senão, vejamos: o Orçamento de 2024 foi aprovado pelo Congresso Nacional com a destinação de cerca de R$ 53 bilhões para emendas parlamentares em seus diversos tipos. É um valor recorde, uma incrível montanha de dinheiro a serviço de deputados e senadores. No último dia 22 de janeiro, Lula cortou R$ 5,6 bilhões nas emendas de comissão, que foram aprovadas pelo Congresso em R$ 16,6 bilhões. Para se ter uma ideia, em 2023, o valor deste tipo de emenda foi de R$ 6,9 bilhões. Além disso, as emendas individuais, cujo pagamento se tornou obrigatório, somam R$ 25 bilhões. Não fosse o bastante de indignação, neste ano de eleições municipais, em um terço do montante das emendas individuais, cerca de R$ 8,2 bilhões, deputados e senadores vão poder destinar para estados e prefeituras sem uso pré-definido. São as chamadas “emendas PIX” ao Orçamento da União. Sem rubrica nenhuma, com pagamento obrigatório pelo governo, esses recursos públicos caem direto nas contas das prefeituras e tchau. Abre-se uma imensa avenida para desvio de recursos. Um acinte! Assim, com voracidade insaciável, Arthur Lira fala grosso contra o governo por mais e mais emendas e cargos. Enquanto lá fora, sua batata está assando aos olhos da população.

AQUILES LINS ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)

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