Faço coro ä manifestação do presidente da Confederação Nacional da Indústria, Ricardo Alban, que defendeu ousadia no Comitê de Política Monetária do Banco Central para reduzir em 0,75% e não apenas em 0m,50% como anunciado na última reunião a taxa Selic para 11,00%. Quando trocou dois membros em junho de 2023, o Copom ousou em 2 de agosto e reduziu a Selic em 0,50 ponto percentual, contra 0,25 p.p. proposto pela ala conservadora. Agora o Copom trocou mais dois diretores conservadores por dois novos, mais heterodoxos. Seria a hora de avançar pedras no tabuleiro.
A baixa da inflação no atacado, a redução de 430,2 mil empregos em dezembro, pelos dados do Caged, tudo indica um forte esfriamento da economia, sem riscos inflacionários adiante. A única variável que poderia fugir ao controle, a taxa do dólar, pode ter definições do caminho do Fed três horas antes.
Para a LCA Consultores, que considera o mais certo a redução de 0,50%, condições econômicas parecem amplamente favoráveis para que o Copom promova outra redução de 0,5 ponto percentual em sua taxa básica e mantenha sua sinalização prospectiva de que o ciclo de cortes terá continuidade.
Ela acrescenta que “a cotação cambial doméstica continua bem-comportada. Os resultados recentes da inflação como o IPCA-15 e O IGP-M ficaram abaixo do esperado em janeiro. Os indicadores recentes, como o IBC-Br de novembro e os dados do Caged de dezembro, parecem confirmar o diagnóstico do Banco Central de que a economia tem atravessado um período de esfriamento moderado”.
Se está tudo bem, por que não ousar e queimar etapas?
O tombo do Brasil no mundo Santander
O tombo de 19,2% no lucro líquido da filial brasileira do Santander no quarto trimestre (apenas R$ 2,204 bilhões frente ao terceiro trimestre), devido ao aumento de 21,7% nas provisões para devedores duvidosos, agravado por um cliente corporativo no atacado, reduziu em 27,3% o lucro líquido recorrente da operação brasileira em 2023. Com isso a contribuição da operação brasileira do lucro do grupo Santander no mundo caiu a 17,3% em 2023. Foi a menor participação no lucro desde a compra da ABN Amro Real, em abril de 2009. No final da década passada a filial brasileira chegou a gerar 36% dos lucros.
O lucro geral do Santander no mundo chegou a 11,076 bilhões de euros (+ , dos quais 1,921 bilhão de euros vieram do Brasil, uma queda de 25% em euros. A maior contribuição do lucro veio da Espanha (2,371 bilhões de euros, ou 21,4%) foi da Espanha, sede do grupo de Ana Botin.
Acontece que as atribulações da Americanas e de outros clientes que pediram recuperação judicial estão afetando a operação brasileira, cujas dimensões (62,4 milhões de cliente, dos quais 37,4 milhões ativos, ambas com queda de 4% em 2023), superam a soma dos clientes na Espanha (15 milhões) e no Reino Unido (22,4 milhões). O Reino Unido gerou o quarto lucro (1,545 bilhão de euros), superado pelos 1,560 bilhão de euros do México, onde a organização tem 20,5 milhões de clientes.
A Europa, puxada pelo desempenho da Espanha (+46%), registrou aumento de 27% nos ganhos em moeda constante. O Reino Unido cresceu 5% em euros e o maior destaque veio do desempenho de Portugal (+96%). Na América do Norte houve avanço de 3%, com queda de 4% nos lucros nos Estados Unidos e ganhos 12% maiores no México. Na América do Sul, os ganhos cresceram 12%, com queda de 23% no Chile e avanço, em moeda constante, de 2% no Brasil, devido ä valorização do real.
No balanço global, o Santander destaca que nas provisões para devedores duvidosos (2,678 milhões de euros em 2023, contra 1,881 milhões em 2022), a conta foi liderada pela Espanha e Brasil.
Santander
GILBERTO DE MENEZES CÔRTES ” JORNAL DO BRASIL” ( BRASIL)