Contribua usando o Google
Ex-delator, Tony Garcia fala ao GGN após o STF abrir inquérito para investigar a “organização criminosa” de Sergio Moro
No comando da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos oriundos da extinta Operação Lava Jato, o juiz Danilo Pereira Júnior está na raiz do caso Tony Garcia, que rendeu a Sergio Moro um inquérito no Supremo Tribunal Federal.
Pereira teria atuado como advogado do Consórcio Garibaldi, empresa que entrou na mira da força-tarefa de Curitiba nos anos 2000, e foi apontada como propriedade do empresário e ex-deputado do Paraná, Tony Garcia, que hoje alega ter sido usado como uma espécie de espião ilegal a serviço do ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR).
A trama envolvendo o juiz Danilo Pereira foi narrada por Tony Garcia ao jornalista Luís Nassif, no programa TV GGN 20 Horas, transmitido ao vivo no Youtube na noite desta segunda-feira (16), dia em que a imprensa noticiou a abertura de um novo inquérito contra Sergio Moro, determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, para apurar uma série de crimes supostamente praticados pela chamada República de Curitiba. [Assista a íntegra abaixo].
Em junho passado, o GGN publicou diálogos da Operação Spoofing que confirmam que Garcia atuava como “espião” ou “agente secreto” a mando de Moro, para investigar ilegalmente, por meio de grampos, desembargadores, juízes e ministros do STJ. Entre os alvos de Moro e dos procuradores estava, segundo Garcia, o filho do ministro Felix Fischer, relator da Lava Jato no STJ.
Garcia afirma que Moro e os procuradores forjaram a denúncia envolvendo fraude no Consórcio Garibaldi para forçá-lo a fazer a delação premiada e ser usado como espião. Ao mesmo tempo, Tony afirma que Moro poupou a esposa do juiz Danilo Pereira, que supostamente teria sido beneficiada na fraude investigada pelo Ministério Público.
“O Danilo Pereira Júnior é a pessoa que criou toda farsa junto com o Moro. Ele foi funcionário do Consórcio Garibaldi e voltou para a 13ª Vara. Ele era advogado do Consórcio Garibaldi, sabia que eu tinha uma companhia de seguro que fazia o seguro do Consórcio Garibaldi, esse era o meu vínculo com o Consórcio Garibaldi, nunca fui dono. Danilo sabia disso, ele foi advogado lá durante uns três anos, não sei ao certo por quanto tempo, e depois ele prestou concurso e se tornou juiz federal”, conta Garcia.
No relato de Tony Garcia, foi o juiz Danilo Pereira, hoje sucessor de Eduardo Appio na 13ª Vara, quem agiu para encontrar o delator que colocou Tony de vez nas mãos de Sergio Moro.
O que aconteceu? Confira o relato:
“Depois que ele [Danilo] saiu [da empresa], o Consórcio Garibaldi sofreu uma intervenção do Banco Central, que denunciou diversos crimes e dentre esses criminosos estava a mulher do Danilo Pereira, hoje juiz da 13ª Vara.
O Banco Central apontou o nome da mulher dele como uma das pessoas que deveriam ser processadas pelo Moro. Era uma lista de contemplações frias e a mulher dele aparece lá (…) Eu não sei se o Moro conhecia ele, se era amigo dele já como juiz, ou se o Moro faz o que sempre faz que é chantagear. Mas ele chamou o Danilo e mostrou que o Banco Central apontou que a mulher dele era uma contemplação fria. Era um valor exorbitante que teria ido pra mulher dele e aquela contemplação, aquele carro, não teve pagamento nenhum. Moro mostrou que o Banco Central estava pedindo para processar a mulher.
O Danilo, já como juiz federal, procurou um ex-funcionário que trabalhou com ele no Consórcio Garibaldi, que chegou a ser diretor, e falou que ele estaria sendo acusado, seria preso e que teria uma maneira dele escapar: se ele fosse lá e dissesse que eu estaria ameaçando esse ‘Agostinho’ de morte e que eu era o verdadeiro dono do Consórcio Garibaldi. Essa pessoa foi lá e fez isso.
O Moro pegou o meu processo, que estava parado, e mandou que o ministro do STJ mandasse logo o meu processo para ele de volta, sob pena da prova se perder, porque ele [a suposta vítima] estava sendo ameaçada de morte. O meu advogado, Figueiredo Bastos, faz uma pergunta para essa pessoa que fez a delação: “O senhor fez delação premiada?”. E ele fala: “eu não sei”.
Já na oitiva com Moro, que pergunta quem é ‘fulana de tal’, ele diz que é a mulher do Danilo Pereira. E ao ser questionado quem é Danilo Pereira Júnior, ele fala que é uma pessoa que foi funcionário do Consórcio Garibaldi. Quando perguntam para ele quem que sugeriu a delação premiada, ele diz que foi o juiz federal Danilo Pereira, está nos autos“.
Vista grossa de Gabriela Hardt
Tony Garcia também pontua que Danilo Pereira Júnior teria feito vista grossa sobre a conduta da juíza substituta da 13º Vara, Gabriela Hardt, que em 2021 recebeu do empresário a denúncia de que foi espião ilegal de Moro e dos procuradores de Curitiba por vários anos.
Hardt não tomou providências. Ao contrário disso, agiu para anular todo o acordo de delação de Tony e seus benefícios. Somente quando Eduardo Appio chega à 13ª Vara, é que ele toma conhecimento do caso e avisa as autoridades competentes – Polícia Federal e o Supremo. Àquela altura, Moro e Deltan Dallagnol tinham sido eleitos senador e deputado federal, respectivamente.
“O Danilo, inclusive, foi a pessoa que recorri contra a juíza Gabriela Hardt, e ele sentou em cima. Se não fosse o ministro Toffoli, ele tinha deixado ela me prender. Ele [Danilo] ficou em cima da liminar que eu pedi a partir das irregularidades que ela estava cometendo“, afirma.
Assista a entrevista na íntegra a partir dos 30 minutos e 32 segundos:
ANA GABRIELA SALES ” JORNAL GGN” ( BRASIL)