” NOVENTA POR CENTO DOS MILITARES ESTÃO IMPREGNADOS PELO ” MORISMO”, DIZ HISTORIADOR FRANCISCO TEIXEIRA

O ex-juiz Sergio Moro recebe condecoração ao lado de militares no governo Bolsonaro
O ex-juiz Sérgio Moro durante cerimônia de entrega de comendas da Ordem do Mérito Judiciário Militar, em comemoração aos 209 anos Justiça Militar da União (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

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“Os militares não estão disponíveis para um golpe, mas não acham que as eleições foram justas”, disse Chico Teixeira ao GGN; assista

A maioria absoluta das forças militares que atuam hoje no país está impregnada pelo lavajatismo e não aceitou a vitória eleitoral de Lula. Apesar desse viés ideológico, eles mostraram que são majoritariamente legalistas quando não embarcaram na tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023. Por outro lado, mudar a atual configuração para despolitizar os militares só seria possível com uma “reforma no ensino militar”.

Esta é a análise do historiador Francisco Teixeira, professor emérito do programa de pós-graduação em Ciências Militares da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e professor titular de História Moderna e Contemporânea da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Em entrevista ao canal TVGGN, no Youtube, Teixeira explicou a visão de mundo dos militares na ativa.

“Eu diria que 90% das forças – de cabo a general – são profundamente impregnadas pela concepção de mundo que chamo de morista. Eles engoliram com muita má vontade a eleição de Lula. Não estão disponíveis para um golpe, mas não acham que as eleições foram justas”, disse Teixeira, acrescentando que os militares acreditam que “a eleição foi manipulada pelo Supremo”.

“Muitos se referem a Lula como um descondenado, para marcar bem a posição dos tribunais para favorecer a campanha do Lula, o que não tem a menor base. Lula foi vítima de lawfare brutal. Essa massa não entende ainda a ideia de profissionalização, de que militar não faz política”, analisou.

Teixeira explicou que a grande maioria dos militares da ativa que ocupam cargos de alto escalão ou postos estratégicos são de uma geração que se formou no auge da ditadura militar, o que explica sua ideologia conversadora e inclinada à visão golpista de que as Forças Armadas podem intervir em outras instituições como se fosse um poder moderador. Por isso, é preciso mudar essa concepção a partir do que ensinam nas academias militares.

“É preciso fazer uma reforma no ensino militar para rever vários mitos, a começar por esse mito de que os militares são os fundadores da República e herdeiros do poder moderador do Império com carta branca para intervir na política republicana”, defendeu.

Assista a entrevista completa:

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CINTIA ALVES ” JORNAL GGN” (BRASIL)

Cintia Alves é jornalista especializada em Gestão de Mídias Digitais. Ingressou como repórter no Jornal GGN em 2014, participando da cobertura e produção de documentários sobre a Operação Lava Jato. Atualmente é editora e coordena a produção do canal TV GGN, no Youtube, entre outros projetos.

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