Contribua usando o Google
“É o primeiro genocídio da história em que as vítimas transmitem a sua própria destruição em tempo real e esperam em vão”
Termina o primeiro dia de julgamento do Tribunal Internacional de Justiça de Gaza, com o governo da África do Sul denunciando o genocídio de Israel contra o povo palestino, nesta quinta-feira (11).
“O governo de Israel, e não o povo judeu ou os cidadãos israelenses, tem a intenção de destruir os palestinos em Gaza”, acusou a África do Sul, durante a sustentação oral nesta quinta.
Por meio do advogado britânico Vaughan Lowe, o país alegou que “não importa quão monstruoso ou terrível seja um ataque ou provocação, o genocídio nunca é uma resposta permitida”.
A África do Sul também expôs que “não adianta Israel afirmar que faz tudo o que pode para minimizar as mortes de civis”, enquanto “o uso de bombas de 2.000 libras conta outra história”. Durante a guerra, Israel utilizou as bombas mais destrutivas, a MK-84, em áreas denominadas de “segurança” para civis ou em rotas de evacuação.
O advogado também desmentiu que a “caçada humana ao Hamas” não justifica “meses de bombardeios contínuos, cortes de alimentos, água, eletricidade e comunicações para uma população inteira”.
Antes da sustentação de Vaughan Lowe, a premiada advogada irlandesa Blinne Ní Ghrálaigh, também da banca de defesa da África do Sul, afirmou que este “é o primeiro genocídio da história, em que as suas vítimas transmitem a sua própria destruição em tempo real e esperam em vão que o mundo possa fazer alguma coisa”.
Ela disse, também, que as esperanças de sobrevivência dos palestinos “estão depositadas neste mesmo tribunal”.
Foram apresentados dados como o de que 80% da população mundial que passa fome está localizada em Gaza; de que mais de 85% da população de Gaza foi forçada a fugir das suas casas, repetidamente, três, quatro ou cinco vezes; e de que todos os dias 247 palestinos são mortos ou correm risco de morte, 629 ficam feridos e mais de 10 têm uma ou ambas as pernas amputadas.
Ainda no início das sustentações, o país expôs vídeos e declarações, como a do ministro da Defesa, Yoav Gallant, em outubro, que havia dito que se estava lutando “contra animais humanos”: “Não haverá eletricidade, nem comida, nem combustível, tudo está fechado. Estamos lutando contra os animais humanos e agiremos de acordo.”
“A violência reproduzida infligida às mulheres, bebês e crianças palestinas incluiu a imposição de medidas destinadas a formar um padrão calculado de um ato genocida com intenção”, argumentou a África do Sul na acusação.
O primeiro dia de audiências do Tribunal Internacional de Justiça foi encerrado com a exposição da acusação da África do Sul. Nesta sexta (12), Israel deverá apresentar sua resposta na Corte.
PATRICIA FAERMANN ” JORNAL GGN” ( BRASIL)
Com informações de Haaretz.com
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 8 anos.