O GOVERNO DO QATAR ENVIAVA DÓLARES AO HAMAS COM O AVAL DE ISRAEL

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Benjamin Netanyahu apostava em um Hamas forte (mas não muito) para reduzir as pressões em torno da formação de um Estado palestino

O grupo palestino Hamas foi financiado por anos pelo governo do Qatar, um fluxo de dinheiro que não só foi tolerado como incentivado pelo primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Reportagem do jornal norte-americano The New York Times revela que a aposta de Netanyahu em seguir com o fluxo de dinheiro qatari para a Faixa de Gaza – um processo que envolveu bilhões de dólares ao longo de aproximadamente uma década, com o aval do Mossad – era de manter a paz em Gaza e deixar o Hamas focado em apenas governar.PUBLICIDADE

“Os pagamentos fizeram parte de uma série de decisões tomadas por líderes políticos, oficiais militares e funcionários dos serviços secretos israelitas – todos baseados na avaliação fundamentalmente errada de que o Hamas não estava interessado nem era capaz de realizar um ataque em grande escala”, diz a publicação norte-americana.

“Durante anos, agentes dos serviços secretos israelitas até escoltaram um responsável do Qatar até Gaza, onde este distribuiu dinheiro em malas cheias de milhões de dólares”, ressalta a publicação norte-americana.

O fluxo de envio de dólares foi mantido inclusive quando os militares israelitas tiveram acesso a planos de invasões do Hamas, já que um dos objetivos era manter o grupo extremista suficientemente fortalecido contra a autoridade palestina – e, assim, diminuir os debates em torno da formação de um Estado palestino.

Contudo, o jornal norte-americano diz que as doações permitiram ao Hamas “desviar parte do seu próprio orçamento para operações militares”, sem contar a percepção de agentes israelenses de que o governo qatari financia a ala militar do Hamas de forma secreta, algo que já foi negado oficialmente.

Embora os pagamentos feitos pelo Qatar sejam “ostensivamente secretos”, eles tem sido pauta frequente nos meios de comunicação israelenses, com os críticos de Netanyahu apontando-os como um plano de “compra do silêncio”.

A onda de ataques contra o primeiro-ministro levou o governo a reavaliar esse plano, mesmo que Netanyahu afirme publicamente que a sugestão de que ele tentou empoderar o Hamas seja “ridícula”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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