Contribua usando o Google
Há um longo caminho para recuperar o tempo perdido. Mas o Brasil merece todo o esforço possível.
Aos poucos, o país vai se dando conta de que o governo está vivo e se move. Ontem, na reunião do Conselhão, Lula defendeu até aumento de endividamento público para investimentos essenciais e apontou a Lei de Responsabilidade Fiscal e o equilíbrio fiscal como obstáculos a serem superados.
Sobre isso, falo daqui a pouco.
Enquanto isto, na TV GGN, o presidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), Celso Panzera, anunciou os planos do órgão para 2024. Haverá reaparelhamento dos institutos de pesquisia federais, reajuste de bolsas, financiamento de atividades inovadoras, objetivos que haviam sido abandonado pelos governos Temer e Bolsonaro.
Aliás, é curioso taxar todo gasto público de “populista” quando o liberalismo manco subtrai recursos de todos os fatores determinantes de desenvolvimento – infraestrutura, educação, inovação.
Ontem, também, foi anunciado um plano ambicioso de logística pela Ministra de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Graças a um pool de bancos públicos – Banco do BRICS, CAF (Cooperativa Andina de Fomento), Fonplata e Banco Mundial – serão feitos investimentos em cinco rotas de escoamento de produtos para o Pacífico, encurtando em 7 mil km a distância dos mercados asiáticos – o novo polo de comércio da região.
Ao mesmo tempo, a Secom (Secretaria de Comunicação) lança a campanha Brasil Para Todos e Lula reforça o discurso do pacto nacional. Libertos do jugo do Congresso, após a aprovação das reformas, e com os olhos voltados para o país, é possível que, finalmente, Lula comece a governar para o país real, em um momento em que pesquisas de opinião dizem que 75% da população acredita em um 2024 melhor do que 2023.
Há ainda muito a caminhar. A destruição perpetrada por Michel Temer – historicamente ligado ao jogo de bicho – e Jair Bolsonaro – ligado às milícias – mostra a irresponsabillidade dos que deixaram os destinos do país em mãos desse naipe.
Um país é constituído da soma de setores que procuram sempre o melhor para si. Mas o que mantém a unidade, garante o desenvolvimento, é um grupo de elite intelectual capaz de defender os interesses maiores do país. É sempre mais difícil, porque os interesses particulares trazem resultados e recompensas instantâneas, enquanto a construção de um país exige a defesa de interesses difusos, gerais, pouco compreendidos por uma opinião pública ainda exposta a um nível de mídia de país subdesenvolvido.
Espera-se que, na virada do ano, Lula proceda a uma reforma ministerial e comecem a aparecer os resultados do trabalho de reconstrução da máquina pública. Há um longo caminho para recuperar o tempo perdido. Mas o Brasil merece todo o esforço possível.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)