COMO A HUAWEI TORNOU-SE UM GIGANTE GLOBAL E A GRADIENTE AFUNDOU

A Huawei vem trabalhando para contornar as sanções dos EUA, desenvolvendo seu próprio sistema operacional para smartphones, o HarmonyOS, e fortalecendo suas parcerias com empresas chinesas

Contribua usando o Google

Peça 1 – o caso Gradiente

Dono da Gradiente, Eugenia Staub foi um visionário por bom tempo da sua carreira empresarial. Em fins dos anos 80, a minha Agência Dinheiro Vivo lançou o primeiro serviço de jornalismo digital no país. Lançamos em um almoço em um hotel de São Paulo, presentes Staub – que desenvolvera um tipo de mini computador -, o pessoal da Microtec – fabricante de um dos primeiros computadores pessoais do país -, coronéis da SEI (Secretaria Especial de Informática) e o então Ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira.

Seu pioneirismo prosseguiu quando adquiriu as Garrard, uma marca mundial de aparelho de som. 

Em 1993, a Gradiente tornou-se revendedora exclusiva dos celulares da Nokia. Depois, montou uma joint venture, a NG Industrial, que chegou a responder dois dois terços dos celulares vendidos no país. 

No ano 2000, a Gradiente vendeu sua parte da sociedade por US$ 415 milhões. A Gradiente passava por dificuldades. A venda ajudou a recapitalizar a empresa, que já sentia os efeitos da maior concorrência externa, e parte dos recursos foi para o Instituto Guttemberg, criado por Staub para pesquisas.

Na época, tivemos uma conversa rápida na FIESP. A Internet começava a se alastrar. A Microsoft tinha desenvolvido o Outlook, aplicativo que, entre outros recursos, tinha um menu que permitia sintonizar rádios digitais em diversas partes do mundo. Percebendo o avanço da digitalização, sugeri a Staub que concentrasse as pesquisas do seu Instituto em rádios e TVs digitais.

Staub alegou que não conhecia muito do tema, e propôs um almoço em seu escritório, com a presença do filho, seu herdeiro nos negócios. Repeti as sugestões, mas a empresa estava empenhada em lançar novas linhas de televisores, permanecendo nas linhas tradicionais.

Continuaram investindo em televisores de tubo e, em pouco tempo, foram esmagados pelas novas tecnologias, os televisões de plasma. Perdeu o bonde, apesar do amplo esquema de distribuição que tinha e da força da marca Gradiente.

Peça 2 – o início da Huawei

Em 1987, quando a reserva de mercado ainda permitia às empresas brasileiras montarem sociedades promissoras com parceiros estrangeiros – grupo Machline com a japonesa Sharp, Gradiente explodindo – era fundada a Huawei. O criador foi Ren Zhengfei, um ex-militar e engenheiro eletricista do Exército Popular de Libertação da China. A empresa foi criada para fornecer equipamentos de telecomunicações para empresas chinesas. 

Além de Ren Zhengfei, a Huawei também foi fundada por um grupo de engenheiros e técnicos que trabalhavam para o Exército Popular de Libertação. Esses engenheiros e técnicos eram especialistas em telecomunicações e tinham a visão de criar uma empresa que pudesse fornecer equipamentos de telecomunicações de alta qualidade e a preços acessíveis para empresas chinesas.

O papel de Ren Zhengfei na fundação da Huawei foi fundamental. Ele foi o visionário que teve a ideia de criar uma empresa de telecomunicações chinesa. Ele também foi o líder que guiou a empresa ao sucesso.

Os outros fundadores da Huawei desempenharam um papel importante no desenvolvimento da empresa. Eles foram responsáveis pelo desenvolvimento de produtos e tecnologias inovadores que ajudaram a Huawei a se tornar uma líder global no mercado de telecomunicações.

Nos primeiros anos, a Huawei concentrou-se no desenvolvimento e venda de equipamentos de comutação para operadoras de telecomunicações chinesas. À medida que o mercado chinês de telecomunicações cresceu rapidamente na década de 1990, os negócios da Huawei expandiram-se em conformidade. A empresa também começou a se expandir para outros mercados, como Oriente Médio e África.

Na década de 2000, a Huawei começou a focar no desenvolvimento de novas tecnologias, como redes móveis 3G e 4G. A empresa também passou a investir pesadamente em pesquisa e desenvolvimento. Como resultado, a Huawei tornou-se líder no desenvolvimento da tecnologia 5G.

A Huawei também continuou a expandir a sua presença global, entrando em novos mercados, como a Europa e os Estados Unidos. Em 2012, a Huawei tornou-se o maior fornecedor mundial de equipamentos de telecomunicações.

Nos últimos anos, a Huawei também se expandiu para o mercado de eletrônicos de consumo. A empresa agora produz uma ampla gama de smartphones, tablets e outros dispositivos. O negócio de produtos eletrónicos de consumo da Huawei cresceu rapidamente e a empresa é agora um dos principais fabricantes mundiais de smartphones.

O histórico da empresa foi o seguinte:

1. 1987: Huawei Technologies Co., Ltd. é fundada por Ren Zhengfei em Shenzhen, China, com foco na fabricação de switches telefônicos.

2. 1993: A Huawei expande seu portfólio de produtos para incluir produtos de comunicação de dados.

3. 1997: A Huawei estabelece o seu primeiro escritório internacional na Rússia, marcando a sua entrada no mercado global.

4. 2000: A Huawei lança seu primeiro produto sem fio 3G, fazendo avanços significativos na tecnologia móvel.

5. 2003: A Huawei torna-se o maior fornecedor de equipamentos de telecomunicações na China, superando os seus concorrentes.

6. 2005: A Huawei estabelece seu primeiro centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) fora da China, em Bangalore, na Índia.

7. 2008: A Huawei faz parceria com a British Telecom (BT) para construir a primeira rede comercial 21CN (21st Century Network) do mundo.

8. 2010: A Huawei lança o seu primeiro smartphone, o Huawei U8220, marcando a sua entrada no mercado de produtos eletrónicos de consumo.

9. 2012: A Huawei torna-se o segundo maior fabricante mundial de smartphones, ultrapassando a Apple.

10. 2015: A Huawei apresenta o MateBook, seu primeiro tablet/laptop híbrido 2 em 1.

11. 2018: A Huawei ultrapassa a Apple e torna-se no segundo maior fabricante mundial de smartphones, atrás da Samsung.

12. 2019: A Huawei apresenta o seu primeiro smartphone dobrável, o Huawei Mate X, mostrando a sua inovação em tecnologia móvel.

13. 2020: Apesar dos desafios e controvérsias, a Huawei continua a investir na tecnologia 5G e expande a sua presença no mercado global.

Peça 3 – os desafio da Huawey

À medida em que foi se destacando no mercado internacional, a Huawey passou a enfrentar uma série de restrições. 

Enfrentou vários processos judiciais e alegações de violação de propriedade intelectual de empresas como Cisco Systems e T-Mobile. Essas alegações impactaram a reputação da empresa e geraram batalhas jurídicas.

A Huawei tem enfrentado escrutínio e preocupações de segurança de vários governos, especialmente dos Estados Unidos. O governo dos EUA proibiu a Huawei de participar em contratos governamentais e instou os seus aliados a fazerem o mesmo, citando preocupações sobre potenciais riscos de espionagem e segurança de dados.

A guerra comercial em curso entre os Estados Unidos e a China teve um impacto significativo na Huawei. Em 2019, o governo dos EUA colocou a Huawei na sua lista de entidades, restringindo o seu acesso à tecnologia e componentes americanos. Isto afetou a capacidade da Huawei de obter componentes essenciais para os seus produtos e interrompeu a sua cadeia de abastecimento.

A posição de liderança da Huawei na tecnologia 5G também trouxe desafios. Alguns países expressaram preocupações sobre a potencial influência e controle que a Huawei pode ter sobre infraestruturas críticas de telecomunicações, levando a debates e restrições ao envolvimento da Huawei na implantação de redes 5G.

A origem chinesa da Huawei tornou-a num ponto focal de tensões geopolíticas entre a China e outros países. Isto levou a um maior escrutínio e suspeita em torno das operações da empresa.

A trajetória da Huawei tem sido de notável crescimento e inovação. A empresa superou uma série de desafios, incluindo sanções dos EUA, para se tornar um dos principais fornecedores mundiais de equipamentos de telecomunicações e produtos eletrônicos de consumo.

Peça 4 – como contornou o bloqueio norte-americano

A Huawei conseguiu contornar os bloqueios dos EUA às suas tecnologias de várias maneiras, incluindo:

– Desenvolvimento de tecnologias alternativas: A Huawei investiu pesadamente no desenvolvimento de tecnologias alternativas às tecnologias americanas. Por exemplo, a empresa desenvolveu seu próprio sistema operacional para smartphones, o HarmonyOS, para substituir o Android, que é baseado em software da Google.

– Ampliação da parceria com empresas chinesas: A Huawei fortaleceu suas parcerias com empresas chinesas para obter acesso a tecnologias e componentes que são proibidos de importar dos EUA. Por exemplo, a empresa fechou um acordo com a ZTE para compartilhar tecnologia de rede 5G.

– Expansão para novos mercados: A Huawei expandiu suas operações para novos mercados, como a África e a Ásia, onde as restrições dos EUA são menos rigorosas.

Como resultado dessas medidas, a Huawei conseguiu reduzir o impacto dos bloqueios dos EUA em seus negócios. A empresa continuou a crescer e inovar, e ainda é um dos principais players globais no mercado de telecomunicações e eletrônicos de consumo.

Aqui estão alguns exemplos específicos de como a Huawei contornou os bloqueios dos EUA:

– Em 2020, a Huawei fechou um acordo com a AMD para comprar chips para seus smartphones. A AMD é uma empresa americana, mas não está sujeita às mesmas restrições que a Huawei.

– Em 2021, a Huawei lançou o HarmonyOS, um sistema operacional alternativo ao Android. O HarmonyOS é baseado em código aberto, o que permite à Huawei desenvolver e distribuir o software sem depender de fornecedores americanos.

– Em 2022, a Huawei anunciou que estava construindo uma nova fábrica de chips na China. A fábrica está projetada para produzir chips de alta tecnologia que são essenciais para os produtos da Huawei.

Os bloqueios dos EUA continuam a ser um desafio para a Huawei, mas a empresa tem demonstrado uma capacidade notável de adaptação.

De acordo com um relatório da Counterpoint Research, a Huawei ocupa a sexta posição no mercado global de smartphones em 2023, com uma participação de mercado de 11,3%. A empresa foi líder mundial em vendas de smartphones em 2020, mas viu sua participação no mercado cair drasticamente após a imposição de sanções pelos Estados Unidos.

A Huawei ainda é a principal fabricante de smartphones na China, com uma participação de mercado de 11,2%. No entanto, a empresa perdeu participação de mercado no país para marcas como Xiaomi, Oppo e Vivo.

A Huawei vem trabalhando para contornar as sanções dos EUA, desenvolvendo seu próprio sistema operacional para smartphones, o HarmonyOS, e fortalecendo suas parcerias com empresas chinesas. A empresa também está expandindo suas operações para novos mercados, como a África e a Ásia.

Apesar dos desafios, a Huawei continua a ser um dos principais players globais no mercado de smartphones. A empresa é conhecida por seus smartphones inovadores e de alta qualidade, e continua a atrair consumidores em todo o mundo.

Aqui estão as cinco principais fabricantes de smartphones em 2023, com base na participação de mercado:

1. Samsung (24,2%)

2. Apple (17,8%)

3. Xiaomi (13,2%)

4. Oppo (12,2%)

5. Vivo (11,5%)

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *