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Presidente da FEPAL denuncia a barbárie histórica contra o povo palestino e a inércia das instituições; assista aqui
No 26º dia da guerra entre Israel e o Hamas, o genocídio do povo palestino pelo governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu foi denunciado pelo presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), Ualid Rabah, ao jornalista Luís Nassif no programa TV GGN 20h, exibido na noite desta quarta-feira, no Youtube.
Em um dos pontos altos da entrevista, Ualid chamou atenção para a limpeza étnica praticada na Faixa de Gaza por Israel, ressaltando que a situação dos palestinos na região é semelhante ao de um campo de concentração, mas com o agravante de ser atualmente uma espécie de laboratório de guerra para testar armamentos e métodos de extermínio em massa.
“Este campo de extermínio em Gaza, diferentemente de qualquer outro que já tenha existido na face da terra em todos os tempos, também é um campo de testes para sistemas, armamentos e munições de uma indústria bélica que depois os vende“, denunciou Ualid.
Segundo ele, oBrasil ainda estaria envolvido na trama. “O parlamento brasileiro fez o desfavor de aprovar há poucos dias três acordos de cooperação com Israel, assinados pelo governo anterior [Bolsonaro], que transformam o Brasil num grande Kibutz, num grande experimento de ódio e de intolerância, todos eles com a bandeira de Israel”, disse.
“Espero que o presidente Lula não ratifique esses acordos, que significam que o Brasil vai participar diretamente de uma máquina de guerra que experimenta nos corpos e no morticínio dos palestinos estes equipamentos, sistemas, armas e munições“, pontuou o presidente da FEPAL.
É genocídio
Ao ser questionado sobre a proganda de guerra por Israel contra os extremistas do Hamas, Ualid comentou que a morte – seja de civis ou militares – não deve ter nenhum tipo de apoio, mas destacou que o que ocorre na Palestina há décadas é crime de genocídio conforme estabelecido pela Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, adotada por unanimidade pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em 1948.
“A convenção de genocídio descreve exatamente a situação na Palestina há 76 anos. Sendo que essa convenção de genocídio é de 9 de Dezembro de 1948, de dois dias antes da [Resolução da ONU] 194, do retorno dos refugiados. E ao reconhecer a limpeza étnica na 194 – e a limpeza étnica é crime de genocídio – houve genocídio já naquele momento“, explicou Ualid.
“Mas o grande problema, na minha modesta opinião, é que Israel é o único projeto nazista da história para o qual se ‘passa pano’. É um regime fascista. E o sionismo é um regime que propôs – antes do nazismo (…) – a limpeza étnica do povo palestino, a substituição daquela demografia por uma estrangeira, levada a emigrar para lá com o apoio da potência britânica então“, declarou.
“Se estivéssemos hoje a Alemanha nazista fazendo o que fez, e isso sendo televisionado por esses grandes veículos de comunicação, teríamos possivelmente a ONU paralisada, os governos paralisados, e as massas na rua, porque estariam vendo as câmaras de gás“, pontuou Ualid.
“Este processo histórico precisa ser adequadamente compreendido e melhor debatido no campo democrático e popular brasileiro, na academia brasileira, nos veículos de comunicação brasileiros e fundamentalmente genocídio não é uma questão de esquerda e direita. Genocídio é genocídio“, acrescentou.
Quase 9 mil palestinos assassinados; mais da metade, crianças
“São 26 dias de genocídio e deve parar de funcionar nas próximas 48 horas o maior hospital de atendimento de câncer de Gaza, onde pessoas estão entre a vida e a morte por falta de medicamentos e insumos gerais para o câncer“, apontou Ualid.
“Neste momento temos 8.850 mil mortos e 24.000 mil feridos entre palestinos. Desses feridos, a maior parte com gravidade ou mutila, e dentre os 8.850 mortos, 3.648 são crianças mortas e 1.150 mil estão desaparecidas entre os escombros, e nem Deus vai fazê-las saírem com vida“, disse o especialista.
“Nós estamos falando de 5.000 mortes de crianças. Desde 2019, segundo uma importante ONG que trata das questões da infância no mundo, em todo o mundo e em todas as guerras nestes anos, não morreu tanta criança quando morreu em 26 dias em Gaza (…) Uma criança palestina morre a cada 10 minutos. Hoje estamos com 170 crianças palestinas mortas para cada uma israelense, e os grandes veículos de comunicação ficam falando em dois lados. Esses dois ‘ladismos’ nem Hitler o faria“, completou.
Assista a entrevista na íntegra a partir dos 22 minutos e 50 segundos:
ANA GABRIELA SALES ” JORNAL GGN” ( BRASIL)