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Essa onda contra Márcio Pochmann foi apenas uma tentativa de reposicionamento da velha guarda, saudosa dos tempos em que agitava o gado com gritos
Há muitas maneiras de interpretar essa onda jornalisticamente desmoralizante do linchamento de Márcio Pochmann. Há um aspecto psicológico que não pode ser minimizado.
Depois de um amplo período de desmoralização, começou a renascer, aos poucos, uma nova geração de jornalistas recuperando os princípios básicos do jornalismo: objetividade, apuração de fatos e contextualização.
A nova era é de jornalistas que vão atrás de fatos, conversam incessantemente com suas fontes, graças aos recursos de mensagens e outras formas digitais de contatos. Ainda impera um amplo achismo mal informado, de repetidores de bordão. Mas é possível identificar a nova elite do jornalismo.
Esse modelo tornou anacrônico o estilo anterior, de pontificações ideológicas e de agitadores de torcida organizada – que marcou profunda e negativamente o jornalismo de 2005 a 2020. Os antigos gurus passaram a segundo plano.
Essa onda contra Márcio Pochmann foi apenas uma tentativa de reposicionamento da velha guarda, saudosa dos tempos em que agitava o gado com gritos de guerra ideológicos e incitamento ao linchamento do “inimigo”.
Espero que esse episódio não sufoque o rejuvenescimento do primeiro time do novo jornalismo. Que os que se consolidaram nos últimos anos, recuperando princípios básicos de jornalismo e de disputa civilizada, não entrem no canto de sereia dos chefes de torcida, querendo a volta do velho jornalismo de esgoto.
O jornalismo merece sair vencedor. Linchamentos como o de ontem são o último vagido de um sub-jornalismo que precisa ser sepultado.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)