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Ex-soldado espionou o fundador do WikiLeaks com seus advogados, para a CIA, e também Rafael Correa, pela qual chegou nos demais líderes
Uma empresa de segurança espanhola espionou o ex-presidente do Equador, Rafael Correa, a pedido da Agência Central de Inteligência (CIA), segundo o jornal espanhol El País. Com isso, a CIA conseguiu espiar e levantar informações também sobre outras lideranças da América Latina.
A investigação revelou que a UC Global, que prestava serviços à Embaixada do Equador, em Londres, continha arquivos no computador do proprietário da empresa, o ex-militar David Morales, de escuta das conversas de Correa com líderes da região.
Nesta lista estão o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-presidente Dilma Rousseff, a ex-presidente e atual vice da Argentina, Cristina Fernández, e o ex-presidente uruguaio, José Mujica. As lideranças mantiveram conversas telefônicas com o ex-presidente do Equador.
A UC Global teria executado ordens de espionagem dadas pela CIA desde os Estados Unidos e isso aconteceu quando Correa já havia deixado a presidência do Equador em 2018. As gravações das ligações teriam ocorrido entre os dias 18 e 24 de março de 2018. Os conteúdos das reuniões não foram divulgados.
Escutas oferecidas
Conforme o El País, as escutas teriam sido oferecidas ao então presidente equatoriano Lenín Moreno, após seu afastamento de Rafael Correa e a expulsão do jornalista australiano Julian Assange na embaixada em Londres, ocorrida em 2019.
Morales havia sido contratado pelo governo de Correa para cuidar da segurança daquela sede diplomática, onde Assange se refugiou. O ex-soldado teria contratado sua equipe para espionar as reuniões do fundador do WikiLeaks com seus advogados para a CIA, mas ficou de olho no presidente equatoriano.
Investigações da Corte Nacional do Equador então encontraram no computador de Morales um disco rígido com o nome CIA e uma pasta com os detalhes confidenciais das conversas entre Correa e ex-presidentes da América Latina.
O crime começou a ser investigado quando um funcionário da embaixada passou a desconfiar dos pedidos de Morales sobre a agenda do presidente.
Filhas espionadas
A investigação também revela que Morales teria espionado as duas filhas de Correa por meio de vírus de computador instalados em seus celulares, em 2014, quando o líder equatoriano ainda estava no governo e as jovens estudavam na França.
Precisamente em 2020, Rafael Correa apresentou uma denúncia contra Morales que foi admitida pela Corte Nacional e incorporada ao caso em que já estava sendo investigada a suposta espionagem de Assange.
David Morales foi preso em 2019 quando deixava a Espanha para uma casa em Lisboa, em Portugal, sem autorização judicial.
RENATO SANTANA ” JORNAL GGN” ( BRASIL)