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Um representa a face mais dinâmica e inovadora do capitalismo; o outro, a fase do capitalismo que só prospera em ambiente de oligopólio.
Elon Musk é insuportável, egocêntrico, mas provavelmente o empreendedor mais completo da história. É um criador de soluções à altura de seu ídolo maior – Nikola Tesla, o inventor sérvio que mudou a história da humanidade, mas que nunca conseguiu transformar suas invenções em empresas duradouras.
Foi o cientista que mostrou as vantagens da corrente alternada, permitindo a transmissão de energia para longas distâncias, muito superior aos inventos de seu grande adversário, Thomaz Alva Edison. Mercenário, inescrupuloso, Edison deixou de legado a General Eletric – graças ao apoio financeiro do banqueiro J.P. Morgan. E Tesla morreu sem nenhum patrimônio.
O gosto maior de Tesla era descobrir soluções. Tudo o que ganhava com suas patentes era investido em novas pesquisas. Revolucionou a energia elétrica, foi precursor de Marconi, na invenção do telégrafo sem fio. Mas não tinha nenhum espírito prático.
Musk atua como se fosse a vingança de Tesla – cujo nome batiza seu carro revolucionário. Tesla era movido a reconhecimento. Não tinha pretensões de enriquecer. Após cada invenção, sua cabeça estava centrada na próxima invenção.
Musk tem a mesma sede de mudanças e inovação, mas coloca projetos grandiosos em pé. Reportagens recentes narram a surpresa dos engenheiros da Toyota ao desmontar um Tesla e descobrir as soluções de funcionalidade criadas para o motor.
Seu último desafio é o de eliminar de vez os combustíveis fósseis. Não bastam apenas os carros elétricos, dos quais ele se tornou o maior fabricante. Em dezembro, a Tesla lançou uma concessionária de energia no Texas, aproveitando a nova era de energia caseira. Passou a fabricar baterias que acumulam energia durante o dia e permite o seu uso nos momentos de pico – quando as tarifas são maiores. Esse sistema, batizado de “usina virtual”, visam evitar o uso de carvão e gás durante os horários de pico, quando as fontes renováveis não garantem a demanda.
No ano passado, a Tesla entrou no mercado de energia do Reino Unido, lançando um plano pela Octopus Energy. Depois, rompeu com a empresa para fabricar seus próprios geradores. O aumento dos custos no atacado levou dezenas de provedores à falência, algo que se verá em breve no Brasil, com o fim da Eletrobras como elementos organizador do mercado.
É curiosa a disputa entre ele e Mark Zuckerberg, da Meta, que lembra em muito as disputas entre Tesla e Edison. Musk-Tesla são revolucionários; Edison-Zuckenberg são práticos, que copiam ideias de terceiros. O Facebook tem copiado de forma explícita recursos de concorrentes, como a Snapchat e o Tik Tok. Depois que Musk comprou o Twitter e meteu os pés pelas mãos, Zuckerberg copiou explicitamente as principais funções da rede, valendo-se da falta de limites de Musk, pretendendo atropelar até hábitos consolidados, que mantinha o funcionamento do Twitter.
Um representa a face mais dinâmica e inovadora do capitalismo; o outro, a fase do capitalismo que só prospera em ambiente de oligopólio. O que não muda o fato de Musk ser uma das personalidades mais desagradáveis de todos os tempos.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)