Olha só, perdoem-me a amplidão desta mensagem, mas é que só assim explicito minha intenção de falar à Nação, recém-vilipendiada por um governo inescrupuloso. Coisa que farei através de Cristina Saraiva (www.cristinasaraiva.com.br), que, como está explícito, nos lê em cópia. Sugiro que vocês, que todos vocês, busquem conhecer essa compositora e ativista ambiental que, dentre tantas atividades, faz parte do grupo Em Frente.* A moça é múltipla!
Por isso, hoje tratarei do álbum independente SOS. São onze canções, todas com versos de Cristina Saraiva, em parcerias diversas e cantadas por Claudio Lins, Susana Gianini, Tutuca e Esther, dentre outros que logo nomearei. Produzido por Cristina e masterizado por Mario Gil, o disco foi gravado e mixado por Luiz Waack, que tocou violões e viola e fez nove arranjos. São de Breno Ruiz os outros dois.
Além de Waack, também tocaram Leandro Braga e Breno Ruiz (piano), Cássia Maria e Renato Braz (percussões), Fábio Tagliarri (viola), Igor Pimenta (baixo) e Toninho Ferragutti (acordeom).
Amigas e amigos, SOS é uma diatribe contra desmatadores, garimpeiros, pescadores ilegais, invasores de territórios indígenas e contra o tal “marco temporal”, em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Um parêntese: demarcação de território indígena não é favor, mas um direito previsto na Constituição — e não me venham de borzeguins ao leito!
Olha só, enquanto escrevo, me emociono com a música que abre o CD, “SOS Amazônia”,** de Simone Guimarães, com versos de Cristina Saraiva e cantada por Simone e Alexandre Saraiva. Verde mata, mata virgem tanta vida, promissão/ A floresta guarda a história, a memória, a imensidão/ Guarda as lendas, prendas, dores, guarda o tempo, guarda o som/ Forma os rios voadores, tem a chuva em sua mão/ Se a terra sangrar, se o fogo arder/ Não vou descansar, ninguém vai vender/ Ipê, azulão, Tupã, cambará/ Ninguém vai vender meu chão, meu lugar.
Sublime indignação de quem não se cala e canta! E eu sigo me sentindo tocado agora por “Amazônia”*** (Breno Ruiz e Cristina Saraiva), cantada por Renato Braz: Pinta o rosto do anhangá/ Curupira e boitatá/ Vem do mato Jurupari/ Das estrelas, vem Guaraci/ Chama fogo e luar/ Que a guerra vai começar.
Mas vejam, amigas e amigos: ao ouvirem o CD, tentem não ceder à tentação de ver nas músicas algo superior as denúncias, posto que cada bela canção traz em si a convocação para “agir agora para que haja um depois” (Cristina Saraiva).
Antes da despedida, chamo a atenção dos inimigos que vivem a destruir a natureza e a infernizar a vida dos povos indígenas: véio, cês tão diante de um auto-de-fé que há de levá-los aos tribunais para pagar pelos crimes secularmente cometidos!
Saudações musicais e abraços cidadãos a todas as minhas amigas e todos os meus amigos de fé!
Aquiles
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AQUILES RIQUE ” JORNAL DO BRASIL” ( BRASIL)