Passo a passo do golpe envolvia afastar ministros do STF, criar um interventor com poderes absolutos e convocar novas eleições.
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As investigações da Polícia Federal (PF) mostram que os homens mais próximos de Jair Bolsonaro (PL) arquitetaram um golpe de estado para evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 1° de janeiro.
Depois de encontrar mensagens no celular de Ailton Barros, conhecido como 01 do ex-presidente, e uma minuta na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid é quem está no centro das investigações da Polícia Federal (PF).
Os investigadores encontraram mensagens de autoria desconhecida e de militares para que o ex-presidente desse a ordem para anular o resultado do último pleito.Roteiro do golpe encontrado no celular de Mauro CidBaixar
Arquitetura do golpe
Entitulado “Forças Armadas como poder moderador”, o documento mostra que o plano consistia em fazer com que Bolsonaro indicasse ações inconstitucionais praticadas pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que também integram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao longo da disputa pelo Executivo.
Em seguida, os comandantes das Forças Armadas elegeriam o chamado “interventor”, que teria “poderes absolutos para reestabelecer a ordem constitucional”, afastaria os ministros do STF, além de convocar novas eleições, coordenadas por novos ministros inseridos no TSE.
“Entende-se que o conjunto dos fatos descritos seriam capazes de demonstrar não só uma atuação abusiva do Judiciário, mas também abuso praticado pelos maiores conglomerados de mídia brasileira, de modo a influenciar diretamente o eleitor e o resultado da eleição em favor de determinado candidato”, explica o autor do documento encontrado no celular de Mauro Cid.
Incentivos
As mensagens relevam ainda um grande incentivo do do subchefe do Estado-Maior do Exército, Jean Lawand, para que o ex-ajudante de ordens convença Bolsonaro a iniciar o o plano.
Em 1° de dezembro, Lawand afirma que o Exército irá cumprir as ordens do presidente e que, caso não o faça, Bolsonaro será preso na Papuda.
Apesar de não ter um autor identificado, o documento mostra ainda que o ministro Alexandre de Moraes é citado pela relação próxima ao então candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Assim, os juízes da Corte seriam militantes por tomar decisões contrátias aos interesses de Bolsonaro e, consequentemente, deveriam ser afastados.
Nas mensagens, Lawand ressalta ainda que a ordem para que as Forças Armadas tomem a frente do Judiciário precisa partir do ex-presidente, uma vez que se a iniciativa partisse do próprio Exército, seria considerada golpe.
O subchefe reitera que os militares apoiavam Bolsonaro, especialmente os de baixo escalão. Mas Cid responde que o chefe do Executivo não confiava no ACE, Alto-Comando do Exército, formado por generais e pelo ministro da Defesa e, por isso, não deu a ordem.
Derrota
Por fim, em 21 de dezembro, Lawand compartilha a decepção por saber que “não vai sair nada” e lamenta o fato dos golpistas “entregarem o país aos bandidos”. Mauro Cid responde: “infelizmente”.
*Com informações da Revista Veja
CAMILA BEZERRA ” JORNAL GGN” ( BRASIL)