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Dias após encontro secreto, ministro votou contra a cassação do mandato de Jair Bolsonaro
O ministro Carlos Horbach, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), teve um encontro secreto com o ex-presidente Jair Bolsonaro, dias antes de um julgamento que ele se posicionou contra a cassação do ex-mandatário.
O registro da reunião secreta é uma das revelações da quebra do sigilo telemático do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, preso na operação que deflagrou a falsificação dos dados de vacinação da família e aliados do então presidente.
Mensagens de Mauro Cid
Em conversa com o então chefe do gabinete pessoal de Bolsonaro, Célio Faria, eles combinaram como “operacionalizar” buscar secretamente o ministro do TSE para um encontro com o então mandatário.
“O chefe precisa falar com uma pessoa neste final de semana. Preciso saber o horário e a pessoa pediu para um carro ir buscá-lo”, escreveu Faria a Mauro Cid, no dia 15 de outubro de 2021, uma sexta-feira.
“Precisamos operacionalizar buscar o ministro do TSE onde ele estiver e trazer sem aparecer”, completava. De acordo com reportagem da Folha, que obteve os registros da conversa, Célio Faria escreveu em mensagens seguintes o nome do ministro Carlos Horbach.
No sábado, dia do suposto encontro, às 9h12, Cid confirma que os dois estavam juntos: “Min [ministro do] TSE com o Pr [presidente]”.
Dias depois, TSE julga cassação
Naquele mês, estava pautado para julgamento no Tribunal Eleitoral um processo de cassação contra a chapa de Jair Bolsonaro e de seu vice, Hamilton Mourão, por participação em esquema de disparo massivo de Fake News nas eleições 2018.
A maioria dos ministros avaliaram que, apesar da comprovação do esquema ilícito, não seria suficiente para cassar a chapa. E de todos os ministros do TSE, somente Horbach e Sérgio Banhos não viram qualquer crime praticado por Bolsonaro.
Naquele julgamento, por outro lado, os ministros decidiram enquadrar a disseminação abusiva de Fake News como abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação, que poderia levar à cassação de um mandato.
Somente o ministro Carlos Horbach não concordou com o entendimento estabelecido naquele julgamento.
Horbach tem o seu mandato de ministro da Corte Eleitoral vencido nesta semana, dia 18 de maio, e ele já informou que não irá pedir a recondução ao cargo.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)