NILSON CHAVES, SEGUE O BARCO

Querido Nilson Chaves, após alguns desencontros, aqui estou eu, finalmente, a falar de Segue o Barco, o seu novo álbum gravado com apoio do Semear, projeto de lei de incentivo à Cultura do Governo do Pará, e do Banco da Amazônia.

“Com Cristo a Sós” é sua parceria com Joãozinho Gomes, cujos versos do poeta tornam incontestes o norte e o Norte da significação do seu trabalho. Sua voz parece frágil, Nilson. Mas não é, não! Ela possui a força amazônica do Pará, sua terra. Seu arranjo, bem como todos do CD, além do seu violão, tem o teclado de Edgar Matos, a percussão de Marcio Jardim, o contrabaixo de Adelbert Carneiro e o violão de aço e a guitarra de Davi Amorim, instrumental que pontificará ao longo do disco.

Macaque in the trees
Capa do CD (Foto: Reprodução)

A seguir, temos “Em Frente ao Rio”, de Paulo Rocha e Biel Rocha, compositores do interior paraense. O gênero dessa música, segundo você, “é uma mistura do marabaixo com ritmos caribenhos, que ouvimos muito por aqui”. Que baita suingue.

“Iris”, sua com Alfredo Garcia, tem Leila Pinheiro em duo com você, que novamente, e sempre, está ao violão. Um prazer ouvir a voz da Leila, intérprete que canta bonito que só.

“Das Mangueiras”, sua e de Osmar Lazarine, traz a mistura rítmica em seu DNA. Sua voz soa forte, dobrando em terças o refrão enérgico: “Isso só de conhecer Belém!”.

A sua “Segue o Barco”, que dá título ao CD, é um marabaixo, cujo refrão deságua num carimbó, um ritmo doido de fazer voar a peruca do cara que ouve o som, distraído que só ele. Com a percussão dando show, a vontade é levantar e mexer o esqueleto.

Macaque in the trees
Segue o Barco (Foto: Reprodução)

Quem canta a próxima música, “Nem Sempre É Tarde” (também só sua, Nilson), é Flávio Ventutrini, e o faz com a classe de sempre.

“Porque Soube Que Tu Vinhas”, sua e de Alex Ribeiro, é um reggae misturado com ritmos tribais que sacode a gente.

Como uma nova arca de Noé, seu barco segue, trazendo em si a grande floresta, os bichos, a diversidade da gente amazônica e a ancestralidade dos povos indígenas, os verdadeiros donos da terra. É, véio, o barco avoa.

E vem “Recomeçar”, parceria sua com o gaúcho Carlos di Jaguarão e o carioca Rogério Batalha, cujo canto a cantora paraense Simone Almeida divide com você. Show!

“Meio Tom”, sua e de Max Reis, tem efeitos do teclado a avivar o seu arranjo.

Em “O Amor Sempre em Mim”, sua com Chico Chagas, você canta emocionadamente os próprios versos, acompanhado por seu violão e pelo belo acordeom do Chico Chagas.

“Zabelê”, outra parceria sua com Rogério Batalha, é um samba, mas com suingue diferente. E é você mesmo quem dá a dica: “No Norte, o merengue e a salsa sempre chegaram pelas ondas do rádio, ritmos que impregnaram os ouvidos de todo mundo, daí brotando uma linguagem musical indígena”.

E tudo fecha com “Bela Belém”, sua e do Zé Edu Camargo, cujos versos falam das andanças por Belém. Recordações traduzidas em música.

Marabaixo, rioabaixo, florestabaixo… o seu barco segue acima. Que disco, meu Deus!

Receba meu carinho e o meu entusiasmo pelo seu trabalho, Nilson Chaves. Abração!

Segue o Barco


Com Cristo a Sós

Porque Soube Que Tu Vinhas


AQUILES REIS ” JORNAL DO BRASIL” ( BRASIL)

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