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Comunicação equivocada de Lula pode gerar ruído sobre a visão do Brasil sobre a guerra, mas o correto é seguir as análises de diplomatas
Em entrevista exclusiva à TVGGN, canal do youtube do jornal GGN, o jornalista Jamil Chade afirma estar muito claro que o Brasil, apesar de fazer um jogo cuidadosamente balanceado, condena a invasão russa.
A entrevista com Jamil Chade ocorreu na esteira das críticas feitas pela grande mídia ao presidente Lula, por declarações sobre a guerra na Ucrânia.
Apesar de qualquer ruído na comunicação do governo, alguns motivos que explicam o posicionamento do Brasil na guerra que deixou mais de 220 mil mortos ou feridos, segundo a ONU, é que o país brasileiro foi o único dos BRICS a votar a favor da resolução europeia na ONU condenando a Rússia, os outros 4 países que compõem o bloco se abstiveram.
“O único país dos Brics que votou junto com os europeus e americanos, então ali ficou muito claro que sim, existe um Brasil que condena a Rússia, que condena invasão, que condena a violação de integridade territorial no país, que quer a paz diplomática.”
Além disso, o jornalista relembra que o Brasil assinou uma declaração conjunta emitida pelos EUA após o encontro dos presidentes Lula e Biden, na qual fazia uma referência direta aos russos.
“Está bastante claro que o Brasil condena a invasão russa, né?“
Ruído na comunicação
Segundo entrevista de Jamil Chade ao jornalista Luis Nassif, o que pode gerar ruído no entendimento sobre o tema é a comunicação feita de forma equivocada, mas que o correto é seguir com a análise realizada pelos diplomatas.
“Quando o Brasil lá vai e diz ‘somos contra a sanções, não faremos parte da guerra, não forneceremos armas para a guerra’, obviamente, você pode dizer, calma aí, então de que lado vocês estão? E aí infelizmente a gente tem que colocar isso nesse contexto. Uma frase fora de lugar pode criar muito ruído. Agora, diplomata não funciona com frase de ruído, ele vai lá e vai ver o que está bom, qual é a posição do Brasil naquela votação, qual foi a posição”.
O pacto com Brasil para uma terceira via
Sobre as relações Brasil-Europa e o objetivo de se criar uma terceira via para o enfrentamento da guerra, o jornalista revela que a situação é mais delicada do que parece.
O continente europeu, que entrou de cabeça no conflito, acreditava que tudo seria resolvido brevemente com as sanções impostas e o efeito devastador sobre a economia russa.
Além disso, acreditava-se que uma aliança internacional seria facilmente construída, o que não ocorreu de forma transnacional e transcontinental; pelo contrário, se limitou às potências ocidentais europeias.
Nesse sentido, isolar um país como o Brasil, não seria o caminho ideal, inclusive, esse era o pensamento de Angela Merkel: evitar que países de dimensões como o Brasil, Rússia e China ficassem encurralados, afirma Jamil Chade ao relembrar que o cenário de guerra ocorre em seguida aos 16 anos de legado de Merkel.
“Ela tem uma lógica de dizer, encurralar um país do tamanho do Brasil, da Rússia, da China, etc não funciona, né? Ele vai cair para os braços de alguém, e isso aconteceu agora na Europa, a gente viu uma inflação extremamente elevada. Aquele ano de 2022 de retomada não aconteceu, a gente viu uma crise bem grande, viu vários governos sendo ameaçados agora pela extrema-direita, né?”
Assista, abaixo, a entrevista completa na TVGGN:
CARLA CASTANHO ” JORNAL GGN” ( BRASIL)