Bolsonaro é considerado o grande incitador dos crimes de 8 de janeiro e são investigados maiores envolvimentos dele
Contribua usando o Google
Jair Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele é considerado o grande incitador dos crimes e são investigados maiores envolvimentos dele – como o fato de estar na Flórida, nos Estados Unidos, juntamente com Anderson Torres, seu ex-ministro e então secretário de Segurança do Distrito Federal.
Em coletiva de imprensa após o depoimento, os advogados do ex-mandatário afirmaram que ele repudiou os atos golpistas: “O presidente reiterou, recriminou todo e qualquer ato antidemocrático que visa gerar instabilidade na ordem democrática e isso está consignado no depoimento de hoje”, disse o advogado Fábio Wajgarten.
Desde que os golpistas foram presos e as investigações avançaram, Bolsonaro tem lavado as mãos, dito que não tem relação com os atos – dos quais não chamou de crime e também criticou a detenção dos invasores.
Mas além do apoio aos criminosos, em si, a Polícia Federal precisa saber:
– O que o ex-mandatário fazia na Flórida, no momento da invasão;
– A “coincidência” de estar na mesma região dos EUA que o então secretário de Segurança Pública e seu ex-ministro, Anderson Torres, que carrega uma lista de acusações de participação nos crimes;
– O nível de conhecimento do que estava sucedendo;
– A participação do primo dos filhos e sobrinho do ex-presidente nos atos golpistas, Leo Índio;
– As diversas manifestações de parlamentares e aliados bolsonaristas sobre os atos, como do deputado federal General Girão (PL) e André Fernandes (PL), que fez a divulgação dos atos;
– A possível relação de Bolsonaro com os financiadores dos atos;
– O estímulo e a defesa ao acampamento bolsonarista em Brasília, ainda no fim de seu mandato;
– As publicações nas redes sociais de Bolsonaro, afirmando que a eleição presidencial de Lula não foi legítima;
– E as falas incisivas do ex-presidente, antes das eleições, contra as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral e, principalmente, após o resultado de sua derrota.
“Quem decide o meu futuro são vocês, quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês. (…) Vamos vencer. Se Deus quiser, tudo dará certo no momento oportuno”, foi a fala do ex-presidente, no dia 9 de dezembro, quebrando o silêncio na sua primeira manifestação a apoiadores após a derrota.
Vídeo foi “sem querer”
Nesta terça-feira (25), véspera do depoimento à PF, Bolsonaro teria passado o dia com os seus advogados, estudando a abordagem que adotaria nas declarações de hoje.
Foi aventado, inclusive, que ex-mandatário teria decidido permanecer em silêncio sobre quase todas as perguntas e só responder sobre o vídeo que compartilhou no Facebook, no dia 10 de janeiro, de um homem que afirmava que as urnas eletrônicas eram fraudadas e no qual aparecia o próprio ex-presidente questionando a legitimidade da eleição.
Internamente, a família responsabilizava o vereador Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-mandatário, pela postagem. À imprensa, os advogados de Bolsonaro negaram que foi o filho do político que postou e justificaram que sob o efeito de medicamentos, ele cometeu um erro, sem querer, e publicou o vídeo.
“Este vídeo foi postado na página do presidente no Facebook quando ele tentava transmiti-lo para seu arquivo de Whatsapp para assistir posteriormente. Por acaso, justamente neste período o presidente estava internado num hospital em Orlando justamente no período do dia 8 ao 10 (…) Essa postagem foi feita de forma equivocada tanto que pouco tempo depois, 2 a 3 horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou essa postagem”, disse o advogado Paulo Cunha Bueno.
PATRICIA FAERMANN ” JORNAL GGN” ( BRASIL)