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CONCERTO DE HERRY BELAFONTE NO CANADÁ EM 1985

Harry Belafonte, cantor, ator e ativista que introduziu os ritmos caribenhos na música americana e defendeu os direitos dos negros, morreu aos 96 anos, nesta terça-feira (25). Segundo seu porta-voz, o artista morreu de insuficiência cardíaca em sua casa, em Nova York.

Nascido no Harlem, filho de mãe jamaicana e pai francês da Martinica, o ator e intérprete de calipso passou a maior parte de sua infância na Jamaica antes de retornar a Nova York, uma mistura de culturas que influenciou sua música e sua luta pela igualdade racial.

O calipso de Belafonte, um gênero de música caribenha que bebia das influências da África Ocidental e da França, o levou à fama durante a prosperidade e crescimento das cidades após a Segunda Guerra Mundial. Seu terceiro álbum, com o título “Calypso”, de 1956, foi o primeiro LP a vender mais de um milhão de cópias nos Estados Unidos.

O cantor Harry Belafonte durante estreia de “Spider-Man: Turn Off The Dark” na Broadway, em Nova York, em junho de 2011 — Foto: Reuters/Jessica Rinaldi/Arquivo

Outra faceta importante foi a dedicação ao ativismo. Belafonte foi um dos responsáveis pela criação do supergrupo USA for Africa, que lançou a música “We Are The World” e arrecadou U$ 1,985 bilhão (cerca R$ 392,3 bilhões) para as vítimas da fome na Etiópia.

À medida que o movimento pelos direitos civis ganhava força, Belafonte assumiu um papel pioneiro que foi além do simples apoio moral – tornou-se um confidente de Martin Luther King e contribuiu com seu próprio dinheiro para apoiar a causa.

“Quando as pessoas pensam em ativismo, pensam que há algum sacrifício envolvido, mas sempre considerei isso um privilégio e uma oportunidade”, disse ele em um discurso de 2004 na Universidade Emory.

O ator e cantor americano Harry Belafonte posa com sua mulher, Julie ao lado do presidente Sul-Africano Nelson Mandela em Pretória em 1999. — Foto: Themba Hadebe/AP

O ator e cantor americano Harry Belafonte posa com sua mulher, Julie ao lado do presidente Sul-Africano Nelson Mandela em Pretória em 1999. — Foto: Themba Hadebe/AP

Belafonte convidou Luther King e o pastor de Birmingham, Alabama, Fred Shuttlesworth, ao seu apartamento em Nova York para planejar a campanha de 1963, a fim de integrar esta cidade notoriamente racista do sul.

Quando King foi preso, Belafonte arrecadou U$ 50 mil (cerca de U$ 400 mil em valor atual, ou aproximadamente R$ 2 milhões) – para salvá-lo.

“A popularidade mundial e o compromisso de Belafonte com nossa causa é um ingrediente chave na luta global pela liberdade e uma poderosa arma tática no movimento dos direitos civis aqui nos Estados Unidos”, disse King, sobre o músico.

Apesar de suas críticas às políticas americanas, Belafonte afirmou que os Estados Unidos “oferecem um sonho que não pode ser realizado tão facilmente em nenhum outro lugar do mundo”, mas só é alcançável por meio da “luta”.

Após sua eleição para a presidência, John F. Kennedy nomeou Belafonte para o comitê de assessoria do recém-criado Corpo da Paz, com o qual o jovem presidente esperava que os Estados Unidos mostrassem seu poder por meios não militares.

Mas enquanto muitos no Corpo da Paz esperavam “mostrar como somos bonitos como povo”, Belafonte esperava expor os jovens americanos às lutas do mundo em desenvolvimento.

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