O ALMIRANTE QUE DESMORALIZOU A MARINHA

Marcelo Camargo – Agência Brasil

Contribua usando o Google

A Folha traz uma extensa matéria mostrando a maneira como o Almirante colocou colegas em vários cargos de empresas da área nuclear e Itaipu.

O Almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior, ex-Ministro das Minas e Energia, ex-responsável pelo programa nuclear brasileiro, prestou enorme desserviço ao país, ao programa e à Marinha. 

Dirigiu o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e do Programa Nuclear da Marinha (PNM), os principais Programas Estratégicos da Marinha. Há anos era alvo da inteligência americana, por trabalhar em área sensível. 

A própria luta pelo submarino nuclear brasileiro enfrentou essas turbulências. Apenas agora, com a francesa Alstom retomando a área de turbinas, viabilizou-se o Prosub.

Tudo isso entra em curto-circuito com o episódio das joias trazidas por ele da Arábia Saudita, presente dado poucos dias depois da aprovação da venda da refinaria Landulpho Alves para o fundo de Abu Dhabi.

Sua atuação como Ministro já me espantava. Várias vezes escrevi que não entendia um Almirante, com participação direta em setores estratégicos do país, não ter se dado conta do fator segurança nacional na negociata ocorrida com a Eletrobras e na venda suspeita de refinarias.

Além dele, o governo Bolsonaro contou com outra figura chave no programa nuclear brasileiro, o Secretário Especial de Assuntos Estratégicos, Almirante de Esquadra Flávio Augusto Viana Rocha. Ou seja, toda a área nuclear da Marinha aderiu ao bolsonarismo.

Agora, surgem duas informações complicadas. A primeira, o envolvimento do Almirante Bento com a jóia vinda da Arábia Saudita.

Por tudo o que vazou até agora, a melhor versão para o episódio é simples:

  1. O presente foi para Bento Albuquerque.
  2. Ele tenta de todas as maneiras liberar as jóias. Não conseguindo, informa Bolsonaro, que passa a atuar pela liberação. Bolsonaro e um Almirante chave da Marinha lutando para liberar uma jóia que, ao que tudo indica, era pagamento de propina.

Hoje, a Folha traz uma extensa matéria mostrando a maneira como o Almirante colocou colegas em vários cargos de empresas da área nuclear e Itaipu. Segundo a matéria, levantamento da Folha identificou que ao menos 25 indicados pelo ex-ministro e seus aliados, entre militares da Marinha e técnicos, estão em postos importantes de 11 organismos, entre estatais, autarquias e até empresas privadas”.  Mais uma prova de como a politização das FFAAs levaram à sua desmoralização. 

De uma das figuras referenciais da Marinha, recebo a seguinte mensagem

“Infelizmente a gestão do “Capetão Bolsonaro” provocou um grande desprestígio das Forças Armadas, pois um grande número de militares passou a ter um comportamento político . 

No terceiro ano ( último ano ) da Escola Naval o Capitão de Fragata Nicolau Fernando Malburg ensinava que o militar era funcionário do Estado, que o Militar não tem patrão e sim chefes e que os Chefes são pautados pela Constituição e pelas leis em vigor e que se as ordens não atenderem as esses preceitos elas seriam válidas. 

Parece que por ambição (para complementar o salário militar) ou por fanatismo político muitos se portaram como se o Bolsonaro fosse o patrão deles. 

Não podemos esquecer que uma “facção” de militares radicais chegaram a chamar o Presidente Geisel de Comunista por haver destituído o General Ednardo do Comando do Segundo Exército (São Paulo) após o assassinato do Jornalista Wladimir Herzog e do Metalúrgico Manoel Fiel Filho no Doi-Codi. Os Generais Silvio Frota e Hugo de Abreu tentaram sem sucesso destituir o Presidente Geisel. O Presidente Figueiredo também foi chamado de Comunista por assinar a “Anistia Ampla Geral e Irrestrita”, facção radical tentou com explosão de bancas de jornais, cartas bomba na OAB etc impedir o caminho para a democracia mesmo inicialmente com eleição indireta. 

O General Heleno foi ajudante de Ordens do General Silvio Frota! De alguma forma o “ovo da serpente” da Extrema Direita permaneceu vivo não só no Brasil!

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *