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Em entrevista a TV suíça, sumo pontífice afirmou, sobre a guerra, que “há interesses imperiais lá, não apenas do império russo, mas de outros impérios”
Em entrevista à Rádio e Televisão Italiana Suíça (RSI) dedicada aos dez anos de seu pontificado, o papa Francisco falou sobre a guerra da Ucrânia. O ponto de vista que ele manifestou difere de suas frases sobre o conflito normalmente pinçadas e divulgados pela mídia ocidental. “Em pouco mais de cem anos houve três guerras mundiais: ’14-18, ’39-45, e esta, que é uma guerra mundial. Começou aos poucos e agora ninguém pode dizer que não é mundial. As grandes potências estão todas envolvidas nisso”, disse o papa.
A entrevista está programada para ir ao ar na noite deste domingo (horário europeu), 12 de março, em www.rsi.ch.
“O campo de batalha é a Ucrânia. Todo mundo está lutando lá. Isso me lembra a indústria de armas. Um especialista me disse: se durante um ano nenhuma arma fosse produzida, o problema da fome no mundo estaria resolvido. É um mercado. Guerras são feitas, velhas armas são vendidas, novas são testadas”, continuou o pontífice.
Perguntado na entrevista o que diria ao presidente russo, Vladimir Putin, se o conhecesse hoje, já que antes do conflito na Ucrânia Francisco se encontrou com o líder de Moscou várias vezes, ele respondeu que “falaria com ele tão claramente quanto falo em público”, e acrescentou que “ele é um homem educado”.
“Putin sabe que estou disponível”
Francisco revelou que, no segundo dia da guerra, foi à embaixada russa na Santa Sé para dizer que se dispunha a ir a Moscou se Putin lhe permitisse negociar. De acordo com o pontífice, o chanceler da Rússia, Sergey Lavrov, escreveu a ele agradecendo, mas afirmou que aquele não era o momento. “Putin sabe que estou disponível. Mas há interesses imperiais lá, não apenas do império russo, mas de outros impérios”, frisou o Papa Francisco sobre a guerra.
A reportagem quis saber do papa quais seriam outras guerras que estariam mais próximas. Ele citou o conflito no Iêmen, na Síria, “os pobres rohingyas em Mianmar”. “Por que esse sofrimento? Guerras machucam. Não há espírito de Deus. Não acredito em guerras santas.”
Sobre o que poderia levá-lo a renunciar ao papado no futuro, Francisco afirmou que seria “um cansaço (…) falta de clareza, de saber avaliar as situações”. “Um problema físico também, talvez”, acrescentou.
REPORTAGEM PUBLICADA PELO PORTAL ” BRASIL ATUAL” ( BRASIL)