OS ULTRALIBERAIS NÃO CONHECEM O MERCADO

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ood e 99 já admitem a inevitabilidade da regulação e se preparam para discutir o modelo

Ontem resolvi xeretar em um tuíte do ultraliberal Hélio Beltrão Filho, contra a regulamentação do trabalho em aplicativos.

Sua posição é de que a ameaça da Uber, de sair do Brasil, é séria. E, ao pagar para ver, o Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, mostraria desprezo pelas multinacionais e colocaria em ameaça milhares de empregos.

É acachapante a ignorância desses ultraliberais em relação ao funcionamento do próprio mercado. E isso fica claro nos comentários ao tuíte, rebatendo minhas provocações.

Em linhas gerais, consideram que a regulação terá dois efeitos:

  1. Afastará as empresas do país.
  2. Encarecerá a viagem para os usuários.

É uma ignorância crassa. Hoje em dia, outras plataformas de entregadores – como iFood e 99 – já admitem a inevitabilidade da regulação. E se preparam para discutir o modelo. A Uber blefa, e ignorantes de mercado levam o blefe a sério.

Nenhuma grande empresa pode ignorar um mercado do tamanho do brasileiro. A Uber cobra 40% sobre as corridas, e sem nenhuma espécie de responsabilidade sobre os motoristas. Meramente tem plataforma e gerencia as corridas e faz as cobranças. Seu diferencial reside apenas no fato de ter saído na frente e montado uma grande rede de motoristas – que, por não serem exclusivos, também podem se cadastrar em outras plataformas.

A regulação implicará em um aumento de custos, certamente.

Segundo os seguidores de Beltrão, significará corridas mais caras. Ora, se houvesse espaço para aumentar os preços.

Beltrão não entende que há dois fatores regulando os preços: os custos da operação (mais a margem de lucro) e os limites do mercado. Se o mercado comportasse preços maiores, as tarifas seriam majoradas. Simples assim.

Como há limites para a alta das tarifas, a variável de ajuste será a margem da empresa. Talvez em vez de ficar com 40% das corridas, o Uber tenha que baixar para 30 ou 20%.

Outro aspecto desses mercadistas que não acreditam no mercado, é não entender que eventual saída da Uber abriria espaço para o crescimento dos outros concorrentes.

Hoje em dia, a tecnologia da Uber tornou-se commodity. Em Araraquara e Poços de Caldas, jovens desenvolvedores ofereceram a ferramenta para cooperativas de motoristas. E simplesmente expulsaram o Uber da praça. Os motoristas pagam uma mensalidade e ficam com 100% das tarifas.

Agora, o próprio prefeito de São Paulo anuncia um aplicativo, contando ainda com o reforço da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que poderá monitorar os carros do app em circulação na capital paulista. 

Outro questão interessante é o amplo desconhecimento dos próprios trabalhadores em relação ao que seja regulação. A maioria ainda se considera empreendedor e confunde regulação com CLT. Mas aí é uma questão de informação. Quando a discussão entrar em campo, esses curtos circuitos serão controlados.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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