Com o histórico do grupo 3G, de manipulação de balanços, é inacreditável que a mídia compre a versão de desconhecimento de fraudes
Segundo a reportagem “Exclusivo: Documentos da Americanas indicam que diretoria omitiu do conselho operações que causaram rombo”, uma investigação interna das Americanas levantou elementos que podem absolver os donos da empresa da acusação de golpe contábil.
O enredo é extraordinário. Como toda sociedade anônima, o balanço das Americanas passa primeiro por um Conselho Fiscal, antes de chegar no Conselho Deliberativo. O Conselho Fiscal teria indagado dos diretores se havia o tal “risco sacado” – a operação que, escondida, gerou o rombo na empresa. E os diretores não responderam.
Logo, conclui a reportagem, o Conselho Administrativo não estava sabendo, os controladores não estavam sabendo e os culpados eram apenas os executivos.
Fantástico! Se os executivos admitissem a existência do “risco sacado”, a informação iria até o Conselho Administrativo e, certamente, a manobra seria embargada, já que nenhum conselheiro iria correr o risco de responder em juízo pelo golpe.
Logo, esconder a informação do Conselho Fiscal era peça central da armação. E quem comandava todas as operações era Beto Sicupira, um dos sócios da 3G. Portanto, a única conclusão relevante é que o golpe foi escondido do Conselho Deliberativo, não dos controladores.
Com todo histórico do grupo, de manipulação de balanços, é inacreditável que se tente vender essa versão. E que a mídia compre.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)