Tratados de livre comércio sempre beneficiam os países mais industrializados, em detrimento dos menos industrializados.
Na visita à Argentina, Lula falou na necessidade de definir logo o acordo comercial com a União Europeia. Ao mesmo tempo, tenta demover o Uruguai de fechar um acordo bilateral com a China.
De fato, se a China encontra uma brecha na Tarifa Comum do Mercosul – um imposto de 15% sobre as importações – acabará por destruir o que resta de industrialização no continente.
Nessa linha, é importante saber o que se pretende com o acordo comercial com a Europa. Tratados de livre comércio sempre beneficiam os países mais industrializados, em detrimento dos menos industrializados. A maior prova é o Tratado de Methuen, entre Inglaterra e Portugal, que vigorou de 1703 a 1836.
A Inglaterra deu prioridade para Portugal na importação de vinhos – e a indústria vinícola portuguesa era o setor mais forte da economia local. Em troca, Portugal teria que abrir seu mercado para produtos ingleses.
Para a Inglaterra, não fez diferença. Meramente substituiu a importação de vinhos franceses pelos portugueses. Para Portugal foi o fim de qualquer veleidade industrial. Todo o ouro que vinha do Brasil foi gasto pagando as importações de têxteis e outros produtos industriais da Inglaterra.
Desde então, criou-se uma máxima da exploração no comércio exterior: país vitorioso é o que importa matérias primas e exporta bens industrializados.
Uma análise do comércio bilateral brasileiro mostra que, na pauta de exportações brasileiras produtos de maior valor agregado, aparecem apenas nas exportações para países do continente e para os Estados Unidos.
Para a China e para as maiores economias europeias, vigora o mais flagrante desequilíbrio.
Confira nas tabelas abaixo.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)