Agora se tem, em formação, a mais perigosa organização criminosa da história, a que nasceu dos escombros do bolsonarismo.
Militares dos porões foram para a reserva e organizaram as milícias. Presos comuns conviveram com presos políticos, e nasceu o PCC. Havia a matéria prima – os marginais esparsos – e, em determinado momento, houve a influência de grupos com experiência em organização, em discurso mobilizador. O Exército tinha agentes informais, que colaboravam com o Exército – policiais, informantes, trazidos pela repressão para o serviço sujo. Quando veio a democratização, foram rifados, convidados a sair do Exército, mas com bônus – as linhas de ônibus urbano, regiões para oferecer serviços. Bolsonaro é filho direto dessa distorção.
O próprio PCC nasceu com o discurso de defesa das famílias de presos e dos próprios presos, expostos à violência dos presídios.
Agora se tem, em formação, a mais perigosa organização criminosa da história, a que nasceu dos escombros do bolsonarismo.
Eles têm militares ajudando na organização e planejamento e infiltrados nas Forças Armadas. Tem chefes regionais, lideranças de caminhoneiros, ruralistas, pequenos e médios empresários urbanos, e a pequena e grande marginalidade espalhada por todo o país. Tem financiadores, têm seguidores fanatizados. E têm um projeto muito maior do que as milícias e o PCC: a conquista do poder.
Tudo isso reforça a necessidade de se cortar o mais rapidamente possível a cabeça da serpente. E sugerir ao ex-Ministro Nelson Jobim – principal responsável pela não-punição dos crimes da ditadura – que pare de pedir anistia e se dedique um pouco mais a estudar os processos de construção das organizações criminosas.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)