SÉRGIO ETCHEGOYEN E OS NEGÓCIOS MILITARES

Ederson Nunes – CMPA

A imagem das Forças Armadas foi jogada no lixo. Cada cena de vandalismo em Brasília é associada à proteção dada pelo Exército aos bandidos acampados em área militar

Sérgio Etchegoyen foi a ponta de lança da invasão militar na área civil. Levado por Michel Temer para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), lotou o Palácio e o governo de militares e se tornou uma espécie de braço-direito do general Villas Boas, na consolidação do poder militar.

Na reserva, cumpriu  papel similar aos colegas da reserva que, nos tempos da ditadura, eram chamados de generais-maçanetas, contratados como lobistas de empresas privadas para abrir portas no governo – em geral, dominadas por colegas militares. Montou uma empresa de “compliance” com o ex-ministro da Defesa Raul Jungmann. O que ele entende de compliance? Nada. É evidente que seu trabalho consistiria em atuar junto a setores do governo controlados por militares. Ou seja, abrir maçanetas.

A desmilitarização do governo compromete seus planos empresariais. A partir daí, concedeu uma entrevista virulenta, acusando Lula de covardia, por ter manifestado desconfiança em relação aos militares, sabendo que nenhum general da ativa vai dar uma entrevista em on questionando-o.

É interessante analisar o conceito de covardia. Onde reside o poder e a influência de Etchegoyen? Em sua carreira militar e nas suas relações com colegas da ativa e da reserva. Ele faz ataques dessa ordem contra o Presidente da República porque tem, atrás de si, a solidariedade da instituição que o abrigou e abrigou várias gerações de Etchegoyen.

E como ele retribui? Ajudando a afundar ainda mais a imagem do Exército.

É evidente que há conspiradores militares – como é evidente que não conseguiram unanimidade para perpetrar o golpe. Mas a imagem das Forças Armadas foi jogada no lixo. Cada cena de vandalismo em Brasília é associada à proteção dada pelo Exército aos bandidos acampados em área militar, e escudando-se em famílias militares.

Qual seria o papel de um militar que honrasse a farda? Batalhar para limpar as Forças Armadas, para exigir que os maus elementos sejam punidos, para fortalecer os colegas que procuram devolver as Forças Armadas ao caminho da disciplina e da legalidade.

Etchegoyen cumpre o caminho inverso. Vale-se de seu cargo de militar da reserva para falar em nome das Forças Armadas, comprometendo ainda mais sua imagem. Vale-se do corporativismo mais nocivo, aquele que não vacila em comprometer sua corporação, em nome de uma causa menor.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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