O que os comandantes conseguiram foi o impensável: os baderneiros conspurcaram até um dos símbolos nacionais: o retrato do Duque de Caxias.
O ensinamento vem de Manuel Domingos Neto, historiador, especialista na área militar: ou Lula assume seu papel de Comandante Supremo das Forças Armadas, ou terminará de maneira melancólica.
E assumir seu papel significa o seguinte:
1. Os manifestantes invadiram o Palácio do Planalto, sede da Presidência da República.
2. A segurança do Palácio era de responsabilidade do Comando Militar do Planalto.
3. O comando responde ao Ministro do Exército.
O primeiro ato do Comandante Supremo das Forças Armadas seria o de demitir o Comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, e punir o responsável pelo Batalhão da Guarda Presidencial, coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora.
Foi uma vergonha mundial para o Brasil, por culpa direta do coronel Paulo Jorge e de seus superiores.
Ele falhou na sua principal missão:
“Contribuir com o Exército Brasileiro para a garantia da Soberania Nacional, dos Poderes Constitucionais, da Lei e da Ordem; cumprir atribuições subsidiárias, cooperando com o desenvolvimento nacional e o bem estar social; contribuir com a Segurança Presidencial; realizar a Guarda e o Cerimonial Militar da Presidência da República; participar de Operações Internacionais; e contribuir para o fortalecimento da imagem da Força.”
Como assim? O símbolo maior do poder nacional, o Palácio do Planalto, ficando vulnerável a um bando de baderneiros? E nada acontece com o comandante do Batalhão.
Outro passo será exigir a punição de todos os militares da ativa que participaram das manifestações
É muito cômodo jogar toda a responsabilidade nas costas de Ibaneis Rocha, o desastrado governador do Distrito Federal. Mas quem cobrou responsabilidades do comandante do Batalhão da Guarda Presidencial, da segurança do Supremo, da Câmara, do Senado?
Domingos Neto tem razão em apontar para o desconhecimento dos políticos, em geral, e dos sucessivos presidentes, sobre a psicologia castrense.
A maneira de tratar com militares é com franqueza, autoridade e, sendo seu chefe, com missões objetivas a serem cumpridas.
A escolha de José Múcio foi um desastre. Múcio não comanda nada, só contemporiza. Não definiu uma meta ou um capítulo sequer do Plano Nacional de Defesa.
Ao passar pano nos militares, mesmo naqueles comandantes que permitiram que terroristas se abrigassem sob os muros dos quartéis, apenas estimulou o empoderamento dos indisciplinados, especialmente dos coronéis.
Lula assumiu sob a égide do grande pacto, da tolerância, do acolhimento de todos os setores. Esse quadro mudou radicalmente com os vândalos que invadiram os palácios. Tem-se um momento raro de coesão nacional, Ministros do Supremo, governadores de todos os partidos, titulares de todos os poderes. É agora ou nunca mais.
O golpismo militar sofreu uma dura derrota, com a operação atabalhoada dos vândalos destruindo a sede dos três poderes. Há uma unanimidade nacional contra o golpe.
É o momento único de devolver o país à normalidade, com o presidente assumindo de vez seu posto de Comandante Supremo das Forças Armadas.
O que os comandantes relapsos conseguiram foi o impensável: os baderneiros conspurcaram até um dos símbolos nacionais: o retrato do Duque de Caxias.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)