A ascensão do Brasil de volta ao céu será dura, haverá muitos obstáculos, no entanto, a partir de agora podemos sonhar e esperançar.
“Vamos fazer o Brasil para as maiorias. A minoria tem que se curvar à maioria.”
Há 4 anos, jogando assim a Constituição cidadã no lixo, essas palavras davam início aos 1.461 dias mais tenebrosos do Brasil democrático. A primeira medida da era JMB, altamente simbólica, abolia o horário do verão; seguia-se a publicação, nas redes sociais do ocupante do Palácio, de uma cena carnavalesca de chuva dourada, com um homem “mijando” em cima de outro. Mais uma medida “superlativamente” simbólica.
Abriam-se então as portas do inferno, com os brasileiros a descer as escadarias que levavam ao calvário da Divina Comédia de Dante, abandonando toda e qualquer esperança: “Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate !”;
Foram quatro anos de um sofrimento diário, dominados oras pela a, oras pela i-moralidade, pela mentira, pela adoração da morte, pelo palavreado mais abjeto, pela violência, pelo desprezo às leis e ao bom senso, pela discriminação, pelo nazifascismo. Foram tempos que jogaram no luto 700 mil famílias e muitas mais na depressão, na miséria, na fome, enterrando aquela imagem do Brasil do sorriso e da simpatia, transformando-o no país do desamor.
E eis que chegou o primeiro dia de 2023…Todos os votos de um feliz ano novo, que chegaram e continuam a chegar, somam as palavras alegria, amor, esperança. Esperançar virou até verbo para ser conjugado ao longo dos próximos quatro anos. E o melhor é que as primeiras horas não apenas confirmaram a esperança como a suplantaram. Em muito. Será preciso criar uma nova palavra para qualificar o que vimos e ouvimos no despertar do ano. Por mágica, o pesadelo sumiu e acordamos como se a Brasília sinistra tivesse desaparecido, engolida pela terra, transformada numa cidade nova, verdadeiramente verde-amarela e feliz.
Claro que haverá decepções, incertezas, muitas dúvidas e desafios, mas ontem foi tudo emoção. Só mesmo os jornalões, falando em nome dos interesses dos seus patrões, esquecendo o Brasil, encontraram espaço para navegar entre o pessimismo, o neoliberalismo e a extrema-direita.
Lula mostrou uma vez mais quem é: um ser humano de primeira grandeza. Enquanto Janja, a coordenadora da posse, pqp, que mulher! Alckmin deixou definitivamente de ser picolé de xuxu, nunca esteve tão à vontade, enquanto Lu, sua esposa, cantarolou “olê, olê, olê, olá…” como se tivesse nascido petista.
Neste 1° de janeiro, não houve palavras de submissão das minorias. Ao contrário, a faixa presidencial foi entregue pela negra Aline Sousa, catadora, após ter passado pelas mãos do cacique Raoni Metuktire, 92 anos, do jovem Francisco, de 10, que sonha em se tornar presidente da República, do metalúrgico Weslley Rodrigues, do professor Murilo de Quadros Jesus, da cozinheira Jucimara Fausto dos Santos, do militante Flávio Pereira, de Ivan Baron, ativista pela causa das pessoas com deficiência e, não podemos esquecer, da cadela Resistência.
Desta forma, pela primeira vez em sua vida, o provável futuro presidiário prestou um serviço à Nação, ao viajar para os Estados Unidos e se refugiar na casa de um lutador de MMA, no Estado mais conservador e brega da América. À sua imagem. Ao se negar a obedecer o rito da transmissão da faixa presidencial, permitiu que ela fosse parar no peito de Lula pelas mãos do povo brasileiro.
Diante dessas imagens, transmitidas pelas televisões do mundo inteiro, o gosto salgado das lágrimas me chegaram à boca, como certamente aconteceu com dezenas de milhões de pessoas, numa catarse coletiva. Por ironia do destino, as imagens vindas do Brasil tomaram conta das telas.
Na semana passada, só se falava do adeus de Pelé, no dia 1° só do renascimento do fênix Lula. De um lado, o deus da bola que partiu, de outro, o retirante que voltou para salvar a democracia brasileira e, quem sabe, mostrar ao mundo que é possível lutar e vencer o perigo da extrema-direita.
Ao contrário do primeiro dia do mandato do fascista, os discursos de Lula não se resumiram em adiantar ou atrasar os relógios em uma hora. Lula disse de imediato ao que veio:
No seu primeiro dia de governo, o presidente restabeleceu o Fundo Amazônia, abriu espaço para reestruturar o Conselho Nacional do Meio Ambiente, revogou a flexibilizarão do garimpo ilegal, suspendeu o registro de arma de fogo de uso restrito para caçadores, atiradores, colecionadores e particulares, limitou a quantidade de armas e munições de uso permitido, suspendeu novos registros de clubes de tiro, deu ordem para que todas as armas sejam recadastradas no prazo de 60 dias na Polícia Federal, suspendeu a desestatização da Petrobras e a privatização dos Correios, jurou o pronto restabelecimento da transparência, deu prazo de 30 dias para decidir o que fazer com o sigilo de cem anos, garantiu comida no prato dos mais pobres e punir os criminosos e genocidas do antigo governo, pois não haverá impunidade nem anistia.
Lula aboliu o slogan Ditadura, Nunca Mais, para afiançar a Democracia para Sempre.
Neste 1° de janeiro de 2023, Lula mandou aos habitantes do planeta uma mensagem forte: A TERRA DEIXOU DE SER PLANA E VOLTOU A GIRAR EM TORNO DO SOL.
Se os deuses quiserem, assim o será até o último dia.
Ainda estamos longe do paraíso, mas pelo menos saímos do inferno e entramos no Purgatório. A ascensão será dura, haverá muitos obstáculos, no entanto, a partir de agora podemos sonhar e esperançar.
MILTON BLAY ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)