Cidade do seu Oscar, terra de LIbertad Lamarque, Ariel Ramireza, Gustavino e Lionel Messi.
Leonel Messi é um rosarino, um cidadão de Rosário, província de Santa Fé, Argentina. Rosário entrou em minha vida muito cedo, através de meu pai Oscar, um rosarino.
No final do século 19, meu avô Luiz saiu do Líbano com 5 irmãos. Alguns ficaram no Brasil, como a avó de do ator Armando Bogus. Outra irmã foi para Buenos Aires. Meu avô ficou em Rosário, vizinho do dr. Guevara, arquiteto renomado.
Aliás, quando surgiu Che, minhas tias Marta e Rosita davam gritinhos de alegria: “É o filho do dr. Guevara”.
Meu avô casou-se com Carmen, moça lindíssima, de uma família libanesa de Mendoza. Tiveram 5 filhos, Felipe, Tala, Marta, Rosita, Oscar e Zezinho. O último morreu antes de minha avó dar a luz. Descobriu-se que ela tinha tuberculose – doença que matou Tala, na juventude, e acometeu Marta e Rosita, salvas pela invenção da penicilina.
Meu avô mudou-se para Quilmes, cidade da grande Buenos Aires, com fama de bom clima, e montou uma loja na capital. Minha avó morreu logo depois e Luiz entrou em depressão, perdeu tudo e veio para o Brasil.
Desde então, fiquei atento aos demais rosarinos,
Uma das mais famosas foi Libertado Lamarque, belíssima atriz, rival de Evita Peron, e que nasceu no mesmo ano de meu pai. Foram essas coincidências que permitiram a ele, na condição de repórter ocasional, entrevistá-la para o Diário de Poços, quando ela passou pela cidade para cantar no Cassino. Segundo as lendas locais, chegou a ter um pequeno flerte com ela.
Anos depois, descubro que também era de Rosário o imenso pianista, compositor e arranjador Ariel Ramirez. Cheguei a passar um réveillon em Buenos Aires só para conhecer Ramirez e o grande violonista Eduardo Falu. Entrei de bico na festa de fim de ano, falei com Falu, disse-lhe que não tinha obtido retorno de Ramires. Falú me disse que ele estava na festa e o chamou. Quando chegou, disse-lhe que era seu grande admirador e que ele nascera em Rosário, cidade natal de meu pai. E ele:
- Rosário? Rosário?
A memória já tinha se esvaído.
Anos depois, conheci a obra de outro grande compositor argentino, Gustavanino, com obras de uma gentileza única, em homenagem ao vendedor de jornais, à florista. Vou conferir sua biografia e descubro que era também um rosarino. Como seu Oscar, o mais gentil das pessoas, para todos aqueles que o conheceram. E como Lionel Messi, o mais gentil dos grandes jogadores de futebol.
Apaixonei-me por sua obra depois de um espetáculo inesquecível na sala São Paulo: Nelson Freire e Martha Argerich interpretando “Beilecito”.
É uma cidade essencialmente musical que, mais recentemente, nos deu Fito Páez e Juan Carlos Baglietto.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)