Sigamos intensificando a mobilização para que essa discussão ocupe todos os cenários e alcance o maior número possível de cidadãos.
Em Nova York, no dia 14/11, o ministro Alexandre de Moraes, reunido com quatro outros ministros do STF que estavam ali para um seminário, enfatizou que o Brasil, além de prestar total atenção ao desenvolvimento social, deve focar e olhar atentamente a regulamentação das redes sociais (plataformas) para FORTALECER A DEMOCRACIA, fortalecer o Estado de Direito.
Cristalinamente, esse posicionamento de Moraes, seguido pelos outros ministros, liga a Comunicação e a desinformação à Democracia. Cristalinamente, os ministros do STF dizem: não é possível pensar a democracia e o seu fortalecimento sem pensarmos nas estruturas de comunicação e no ecossistema de desinformação. Claramente, o posicionamento de Moraes vincula os debates e enfatiza a grande relevância desses temas e da interface entre eles.
Segundo Alexandre de Moraes, “Discursos agressivos nas redes sociais, essas milícias digitais, vêm corroendo a democracia. Sob o falso manto da liberdade de expressão sem limites, o que se pretende é corroer a democracia”. Ou seja, a ideia de corrosão da democracia passa pela compreensão dos arranjos comunicacionais e pelas estruturas de desinformação. Não se compreende um sem compreender os outros.
Claro, há um longo caminho e muitos desafios pela frente. Essa é uma discussão muito ampla, que envolve questões problemáticas e que precisa ser bem pontuada, bem dosada, muito bem discutida – para que se evitem os abusos, as perseguições, os atropelos, prevendo-se as inúmeras falhas do judiciário.
Mas, para quem como eu está afundada nesse ecossistema de desinformação há bastante tempo e entende que a Comunicação é CONSTITUTIVA de todos os processos e que sem discutir e pautar a Comunicação em tudo o que ela envolve não há como discutir a Democracia, é um alento ver esse posicionamento. É uma alegria enorme ver essa pauta desenhada, apresentada, ganhando esse corpo. Sigamos intensificando a mobilização para que essa discussão ocupe todos os cenários e alcance o maior número possível de cidadãos.
Há muitas iniciativas essenciais sendo desenvolvidas e contemplando esse campo, e aqui quero destacar algumas das quais, neste ano, tive a alegria e a honra de fazer parte. Muitas outras estão a caminho:
I Ciclo de Letramento Midiático – promovido pelo PPGL FURG e coordenado por mim e pelo professor Adail Sobral (já preparamos o II Ciclo)
Curso “Desinformação, Letramento Midiático e Democracia” – promovido pelo GGN e coordenado por mim, com a participação de vários professores convidados (temos desdobramentos lindos a caminho)
Observatório das Eleições e da Democracia – coordenado pelo professor Leonardo Avritzer (UFMG), em que participei como uma das coordenadoras da Editoria de Redes e Desinformação
MILWEEK 2022 – coordenado pela professora Claudia Wanderley (CLE/Unicamp), com várias discussões sendo pautadas
Curso de extensão “Desinformação, Linguagem e Política no Brasil” – promovido pelo IEL/Unicamp e coordenado pela professora Anna Christina Bentes (IEL/Unicamp) e por mim, com a participação de vários professores convidados.
Por fim, começando o novo e esperançoso ciclo democrático no Brasil, aqui em João Pessoa vamos promover o seminário “Mídia, Liberdade de Expressão e Democracia”, no dia 17/11, com a professora Maria Luiza Alencar Feitosa (UFPB), a professora Gisele Cittadino (PUC-Rio) e o professor Leonardo Avritzer (UFMG), além da preciosa atuação da jornalista Mabel Dias.
Sigamos mobilizados.
ELIARA SANTANA ” JORNAL GGN” ( BRASIL)
Eliara Santana é uma jornalista brasileira e Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), com especialização em Análise do Discurso. Ela atualmente desenvolve pesquisa sobre a desinfodemia no Brasil em interlocução com diferentes grupos de pesquisa.