CHARGE DE QUINHO
Não se trata, é obvio, de aceitar a provocação do bolsonarismo ensandecido que, fracassado em suas manifestações golpistas, anda louco para arranjar conflitos de rua, nestes dias, porque já vimos a sua falta de limites em poucos dias do pós-eleição.
Vimos e ainda estamos vendo, nas aglomerações – cada vez mais ralas – de grupos de fanáticos que gritam um patético “Forças Armadas, salvem o Brasil”.
Até porque a população – e, confessemos, nós mesmos – anda ansiosa por vivermos um período de distensão, de pacificação, de voltar a viver sem ter falar de política como um confronto destruidor das relações pessoais..
É ilusório, porém, pensar que a legitimidade do processo eleitoral e a vitória nas urnas os farão desaparecer.
Os quistos fascistas e golpistas permanecerão – não necessariamente com Bolsonaro como seu referencial, mas provavelmente com ele – e será preciso evitar que eles consigam agregar, como fizeram, quase toda a direita e o conservadorismo brasileiros.
Será um longo processo e nem sempre vai se poder contar com o manto protetivo da vitória eleitoral que nos protege neste momento.
Há lições a tirar do período que vivemos nos últimos anos e, entre elas, está a de não abrir mão – como se fez em boa parte dos governos Lula e Dilma – das manifestações políticas coletivas.
O novo governo, se vai bem na articulação política que atrai os segmentos que a realpolitik recomenda na sua formação, não pode deixar de lado os novos elementos de formação da opinião pública, como as redes sociais.
Não há vitória quando não se ocupa territórios.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)