A DIFERENÇA DEMOCRÁTICA

CHARGE DE NANDO MOTTA

Não durou nem meia hora, depois que o Tribunal Superior Eleitoral proclamou a vitória do ex-presidente Lula por 60,345 milhões de votos contra 58,205 milhões de votos do presidente Jair Bolsonaro, para o Brasil perceber que além dos 2,139 milhões de votos entre os dois contendores, surgia uma diferença abismal entre uma presidência que passou três anos e dez meses em permanente conflito com a maior parte da sociedade e um futuro governante que, em belíssimo discurso de estadista, acenou imediatamente com a bandeira da paz e da conciliação para evitar que o país siga fraturado.

A profundidade do discurso de Luís Inácio Lula da Silva, cuja proclamação da eleição era aguardada nas principais chancelarias do mundo, ganhou eco imediato de congratulações dos principais líderes mundiais, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o francês, Emmanuel Macron, o primeiro ministro da Espanha, o presidente de Portugal, o chanceler da Alemanha, o primeiro ministro do Canadá, do Reino Unido, o presidente do México, os presidentes dos principais países e vizinhos da América do Sul, a começar pela Argentina, Colômbia, Bolívia, Peru, Chile e Equador, serviu como um divisor de águas. O longo e emocionante discurso de Lula, com o agradecimento inicial a Deus e ao povo brasileiro, em especial aos nordestinos, o chamamento de todos à conciliação, ao afirmar que “não existem dois Brasis” e que ele iria governar para todos, com prioridade para o combate à fome e o atendimento aos mais necessitados, além de situar o Brasil, o 5º país em território e o 6º em população, novamente nos grandes fóruns de negociação mundial, a começar pelas questões climáticas, que serão discutidas na próxima semana, no Egito, criou um abismo, quando se compara com o pífio pronunciamento de menos de dois minutos do presidente Bolsonaro na tarde de 3ª feira, 1º de novembro. Mais para demover caminhoneiros a liberar estradas que reconhecer a derrota.

A diferença de estatura mundial entre Lula e Bolsonaro pode ser medida pelo silêncio ensurdecedor do presidente derrotado. Depois que o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, ligou para os dois contendores do 2º turno e comunicou publicamente os números da votação, dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) reconhecer a vitória e lisura do pleito, Bolsonaro demorou 45 horas para sair do seu mutismo. Até seu filho 01, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), reconheceu a vitória de Lula na noite de domingo, assim como seu ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, eleito governador em São Paulo pelo Republicanos, parabenizou Lula e manifestou desejo de colaborar administrativamente com o futuro governo.

Derrotado, o presidente que extrapolou todos os limites de abuso da máquina do Estado para tentar a reeleição, e deixou o Tesouro Nacional exaurido, sem verba para pagar o Auxílio Brasil de R$ 600 e o salário mínimo de R$ 1.400, que prometeu para 1º de janeiro, pois outros programas como a merenda escolar e a distribuição de remédios no “farmácia popular” foram suspensos para pagar mensalidades de R$ 1 mil a caminhoneiros e taxistas, ficou mudo. Depois da derrota, o presidente que falava grosso (agredindo jornalistas, mulheres e debochando das vítimas da Covid e dos nordestinos) durante seus 46 meses de permanente espírito bélico à frente da presidência da República, se ausentou de suas responsabilidades. Deixou, irresponsável e intencionalmente, que seus eleitores viúvos, no luto da derrota, insuflados pelas redes sociais (o TSE já está levantando a trama da mobilização patrocinada contra a democracia e a Constituição), contestassem, com barricadas e queima de pneus, o resultado das urnas com bloqueios das estradas federais, que prejudicou o fluxo da produção primária do agronegócio para a indústria de transformação de alimentos e para os grandes mercados de abastecimento das principais capitais do país.

Imagine se fosse o contrário: Bolsonaro reeleito por diferença ainda menor e os partidários de Lula, à frente manifestantes do MST, do movimento negro e lideranças populares fizessem piquetes nas estradas? Qual seria a ação da Polícia Rodoviária Federal ou das tropas da Guarda Nacional e das Forças Armadas, que os adeptos de Bolsonaro continuaram a insuflar que viessem à ruas de um golpe no resultado proclamado pela Justiça Eleitoral? O motoqueiro sergipano Genivaldo de Jesus conheceu, em maio, o padrão de tratamento da PRF ao cidadão comum, que estava sem capacete, que transformou a caçamba de um camburão em câmara de gás, com sufocamento por gás lacrimogêneo e gás de pimenta.

No feriado de Finados, 4ª feira, 2 de novembro, o choro dos viúvos e carpideiras de Jair Bolsonaro foi bater às portas dos quartéis nos quatro cantos do país. Bem, nem em todos os lugares. No Nordeste, que votou maciçamente em Lula, mas cuja maior votação foi no Sudeste, faltou coragem para a sedição aos militares. Quem ousou invadir os portões dos quartéis no Sudeste e no Centro-Oeste foi rechaçado e expulso. Mas em meio a manifestações radicais a mais chocante foi a de uma turba de São Miguel do Oeste, no extremo Oeste de Santa Catarina, o estado que deu 69,27% dos votos a Bolsonaro, a maior vantagem proporcional no país. Considerada a “capital do Oeste catarinense, a saudação nazista que envergonhou a maioria dos brasileiros, mereceu notas enérgicas de repúdio dos governos de Israel e da Alemanha, que lembraram que a apologia do nazismo é crime, mas não recebeu qualquer censura do governo Bolsonaro. Mas é possível esperar comportamento democrático de um governo que tangencia o fascismo (o aliado do nazismo de Hitler, responsável pelo Holocausto na 2ª Guerra Mundial) quando os lemas do nazismo “Deus, Pátria, Família e Liberdade” constam do programa de governo do presidente não reeleito e que foi repetido no curto discurso de 1º de outubro?

Só quando os líderes do agronegócio reclamaram dos pesados prejuízos para o escoamento diário da produção foi que um Bolsonaro, vestindo camiseta, deu-se ao trabalho de fazer uma “live” para condenar não os protestos, mas a interrupção do direito de ir e vir.

O valor da democracia

Mais do que a vitória de Lula, os principais dirigentes mundiais celebraram o triunfo da democracia numa eleição acirrada, pela livre manifestação do eleitor, cujo resultado pode ser proclamado com brevidade, graças à eficiência a acurácia das urnas eletrônicas, um trunfo da Justiça Eleitoral Brasileira. No continente africano, se manifestaram os mandatários da África do Sul, Nigéria, Marrocos, Angola, Moçambique, a Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa, reverenciou a escolha da nação mais importante do grupo. Em seguida vieram cumprimentos do Japão, da Coréia do Sul e da Índia. Os principais países árabes, importantes parceiros comerciais do Brasil mandaram mensagens, assim como os presidentes Xi Jinping, da China, o principal parceiro comercial do Brasil e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que Bolsonaro imaginava ser seu amigo particular. As nações têm outros laços que transcendem os personagens. Por isso, o general Sissi, o presidente do Egito que vai sediar a COP 27, a Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas da ONU na próxima semana, convidou o presidente eleito para também participar das discussões. Jair Bolsonaro representará oficialmente o Brasil, mas o pouco tempo que lhe resta e a falta de cumprimento dos compromissos assumidos na COP 26, em outubro de 2021, em Glasgow, tornam Bolsonaro uma peça descartável para os líderes mundiais. O voto de confiança ao Brasil numa gestão responsável do clima no futuro governo Lula veio antes mesmo de sua posse, em 1º de janeiro: a Noruega e a Alemanha, países que bancam o Fundo Amazônia, para gestões ambientais na floresta amazônica, voltaram a liberar o acesso do Brasil aos R$ 3,8 bilhões congelados desde que Bolsonaro desaparelhou o Ibama e as ações da Polícia Federal contra madeireiros e grileiros, e passou a incentivar a mineração em terras indígenas.

Mas a prova de que o Brasil decidiu pela democracia e não pela barbárie veio pelos primeiros movimentos da equipe de transição, comandada pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alkmin, com o chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro, Ciro Nogueira, que é responsável pelo Decreto Lei da Transição de abrir a “caixa preta” do governo que sai ao governo que toma posse em janeiro. De cara, nos contatos com o senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do Orçamento Geral da União para 2023, que Bolsonaro deixou o OGU (ainda por fechar grandes números), com um rombo descomunal, mesmo cortando mais de 90% das verbas para creches, merenda escolar, agricultura familiar, segurança hídrica no Nordeste e farmácia popular. Enquanto isso, gastou nada menos que R$ 8,4 milhões do Orçamento para transformar em palanque eleitoral as festividades de comemoração dos 200 anos da Independência, em Brasília e na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no 7 de setembro.

Entretanto, o trato cordial do vice-presidente Geraldo Alkmin, com a disposição de explicar paciente e claramente os problemas de ajuste do OGU 2023, aceitando quantas interrupções e perguntas fossem necessárias por parte da imprensa que voltou a ser tratada com dignidade e fineza ao cumprir o seu papel de buscar a maior transparência para melhor informar ao público sobre a situação fiscal do país, foi a prova mais eloquente da mudança. Teve gente que ao assistir à entrevista, no saguão do Palácio do Planalto, onde a imprensa era escorraçada diariamente e os comunicados do governo não admitiam apartes (qualquer pergunta embaraçosa era motivo para Bolsonaro encerrar, sem cerimônia, as atividades. O próprio presidente da República, ao voltar do Palácio da Alvorada, sua residência onde se isolou após a derrota, ao ver a cena, ficou admirado e mandou um convite para o vice-presidente eleito vir a seu gabinete para tomar o café. Alkmin, que é um homem público democrata e educado, foi, é claro. E ainda encontrou o café quente e com bom sabor. Daqui pro fim do ano, o café de Bolsonaro vai começar a vir mais frio…

O Fla X Flu sai de cena

A frase de Lula no discurso de estadista eleito, que desautorizou a existência de “dois Brasis”, de um país dividido, como num Fla X Flu entre Lulistas e Bolsonaristas, ou entre esquerda e direita, como tentaram classificar no 1º turno alguns cientistas políticos, diante da grande força com que os partidos aliados ao atual presidente emergiram na Câmara e no Senado, parece não ter resistido uma semana ao teste da realidade do poder no 2º turno. O erro inicial foi creditar 100% dos votos de Lula a quem era de esquerda e 100% dos votos de Bolsonaro a quem é de direita. Os dois líderes se enquadram no figurino, mas Lula é muito maior que o PT e os demais partidos tidos como de esquerda (PSB, PDT, PCdoB, Psol, Rede). E o arco de alianças que se uniu em trono dele, em defesa da democracia e contra a barbárie e promessas que Bolsonaro disse que iria fazer se reeleito, transcende em muito a força política de Lula. Por isso, porque essas forças sabiam que ele era o único líder capaz de derrotar Bolsonaro e o ex-presidente também sabia que era preciso unir as diversas correntes democráticas. A força da gravitação do poder moveu o centro em menos de 24 horas.

Gilberto Kassab, presidente do PSD, partido que ficou neutro e que batalha pela reeleição de Rodrigo Pacheco para a presidência do Senado, já se dispõe a aderir a Lula (certamente faria o mesmo se o vencedor fosse Bolsonaro). O União Brasil, que resultou na fusão entre o PSL de Luciano Bivar com o DEM, já se dispõe a mover a maior parte dos seus 59 deputados federais a votar com Lula. O Republicanos, o partido da Igreja Universal do Reino de Deus, através do seu líder, deputado Marcos Pereira, já manifestou de ouvir o brado do bispo Edir Macedo para se aproximar do governo Lula. No governo Temer, Marcos Pereira comandou o Ministério da Indústria e Comércio, que pode ser recriado por Lula. Até o PP, uma das principais bases de apoio a Bolsonaro, pode ter defecções. O sempre oportunista PL, de Valdemar Costa Neto, legenda pela qual Bolsonaro concorreu e elegeu 99 deputados federais, já indicou que pode ter 40 integrantes da Câmara dispostos a apoiar projetos e pleitos de Lula. No passado, Lula conseguiu apoio do PL loteando cargos. Os inquéritos do mensalão, conduzidos pelo ex-ministro Joaquim Barbosa, levaram Costa Neto à prisão, mas nem por isso, Bolsonaro fez restrições a concorrer pelo PL. Agora está voltando a sentir o ostracismo de quem não é mais o centro do poder.

O quadro mais concreto que desmonta esse simplismo de esquerda X direita está na representação dos governadores eleitos e reeleitos que vão governar em paralelo ao governo Lula nos próximos quatro anos. O PT terá o comando de quatro estados, mesmo número do União Brasil. O PL comandará dois governos, mesmo número do MDB. O Republicanos, outros dois, com São Paulo sendo a “jóia da coroa”. Mas PSB e PSDB terão três governos cada. E o Novo continua à frente de Minas Gerais. Há amplos espaços para negociações e Lula pretende aproveitar a primeira semana de janeiro para renegociar um “novo pacto federativo”. Todos os governos estaduais perderam receita com o corte eleitoral do ICMS sobre energia elétrica, comunicações e combustíveis. É hora de negociações. Até as mais radicais lideranças religiosas entenderam.

Edir Macedo perdoa para ser perdoado

Caro leitor, você deve ter estranhado que o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, um dos mais ferrenhos apoiadores da reeleição de Jair Bolsonaro, a quem acompanhou na viagem das exéquias da Rainha Elizabeth II, em Londres, antes de seguir a Nova Iorque para a Assembleia Geral da ONU, tenha sido o 1º líder evangélico a reconhecer a eleição do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. E mais espantado ainda ficou ao ouvir o eloquente pronunciamento do bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, dona da TV Record, de que “estava perdoando o Lula”. Não foi erro de tradução na Suíça, paraíso fiscal onde o grande empresário da fé, que vive em Miami (EUA), postou a nota do perdão.

Se você acompanha a vida pregressa de Edir Macedo, que começou como fiel da Assembleia de Deus, depois foi para a Igreja do Evangelho Quadrangular, para finalmente fundar sua própria igreja nos anos 80, deve saber que seu grande golpe de “marketing” foi romper as regras rígidas das demais seitas evangélicas ou protestantes: os fiéis podiam ver TV (usadas para catequese), as mulheres não eram discriminadas se usassem calças, saias e cabelos curtos, ou roupas decotadas. Mais importante que a fé e o dinheiro recolhido na sacolinha, era o dízimo do salário de cada mês. Mas a doutrina da IURD se baseava na interpretação peculiar do Velho Testamento. Mas então, por que usar uma frase da “Oração de São Francisco”, um dos grandes santos da Igreja Católica, que diz: “Ó mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado; Compreender que ser compreendido; Amar que ser amado; Pois é dando que se recebe; É perdoando que se é perdoado”?

Simples, caro leitor. O perdão de Edir Macedo (e de Silas Malafaia e outros pastores que nem valem citar) leva em conta o resultado das urnas que elegeram Luís Inácio Lula da Silva para um 3º mandato, a partir de 1º de janeiro. E vem depois da frase que era a oração do Centrão, sempre mencionada por seu fundador durante a Constituinte, quando o então deputado federal Roberto Cardoso Alves (PTB-SP) aglutinou a agenda conservadora e não se cansava de proclamar: “É dando que se recebe”. O perdão espiritual de Edir Macedo visa receber algo bem mais valioso, o eventual perdão fiscal da Receita Federal a negócios da IURD que estão muito além das funções religiosas, de catequese e atuação social da Igreja, estas sim isentas de impostos. A relação de amor e ódio de Edir Macedo com Lula tem mais a ver com questões fiscais que de cunho religioso ou fé. Quando Lula concorreu contra Fernando Collor, em 1989, os pastores ligados à IURD diziam que Lula era o diabo reencarnado. Ficaram contra ele nas eleições contra Fernando Henrique Cardoso (1994 e 1998). Mas a Receita Federal, no tempo de FHC autuou o desvio de recursos da IURD para a compra da TV Record e outros negócios. Eleito Lula em fins de 2002 contra José Serra (PSDB), Macedo se compôs com José Dirceu, 1º ministro da Casa Civil do 1º governo Lula. Dirceu abafou a cobrança e domou a imprensa. A média estava endividada em dólar para planos de expansão quando a circulação de jornais e revistas cresceu muito no Plano Real, situação que virou um tremendo problema quando a banda cambial foi trocada pela livre flutuação do dólar em janeiro de 1999.

As dívidas das igrejas e seitas evangélicas (das atividades empresariais correlatas) somavam quase R$ 2 bilhões, considerando os não recolhimentos ao INSS sobre as folhas salariais dos empregados dessas filiais, mas Bolsonaro, para conquistar esses importantes cabos eleitorais, perdoou as dívidas em maio do ano passado. Entre os contemplados, o Instituto Geral Evangélico, que devia mais de R$ 500 milhões; a Igreja Mundial do Poder de Deus, do pastor do chapelão, Valdemiro Santiago, devia mais de R$ 150 milhões; a Igreja Internacional da Graça de Deus, do pastor R.R. Soares, devia R$ 85 milhões (seu filho, o deputado David Soares, então do DEM-SP, negociou no Congresso uma anistia). Semelhante à anistia que Bolsonaro deu a Neymar e seu pai, cuja empresa devia R$ 88 milhões ao Fisco.

Com os cofres do Tesouro Nacional exauridos pela farra eleitoral de Jair Bolsonaro, que mesmo assim perdeu para Lula, diante da necessidade de o futuro governo reforçar os programas sociais, as benesses da Receita poderão ser suspensas e os perdões (estendidos a cantores sertanejos que apoiaram a reeleição) revertidos em ações administrativas. Assim, pelo bem ou pelo mal, os pastores – com Malafaia (que tem uma pendência de quase R$ 30 milhões) e Edir Macedo à frente – já estão orando por novas cartilhas.

GILBERTO MENEZES CÔRTES ” JORNAL DO BRASIL” ( BRASIL)

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