Em entrevista publicada em fevereiro de 2000 na revista IstoÉ Gente, Bolsonaro disse que aborto “tem de ser uma decisão do casal”
O presidente da República Jair Bolsonaro (PL), que nesta semana afirmou “defender a vida” ao se posicionar contra o aborto eletivo na Colômbia, disse numa entrevista antiga à revista IstoÉ Gente que o aborto tem de ser uma “decisão do casal” e que ele próprio teria debatido abortar um filho, Jair Renan Bolsonaro, que teve com a ex-companheira Cristina Valle.
A entrevista foi publicada em 14 de fevereiro de 2000, e faz parte da edição que teve como capa a briga do escritor Paulo Coelho com a Warner.
Na conversa com a jornalista Cláudio Carneiro, Bolsonaro, então deputado federal, revelou que cogitou o aborto de Jair Renan, além de também defender “a tortura, a censura e a pena de morte”. Ele ainda disse que “não se arrepende de ter pregado o fuzilamento” do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Sobre aborto, a jornalista perguntou:
E sobre a legalização do aborto?
Tem de ser uma decisão do casal.
O senhor já viveu tal situação?
Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó. (Bolsonaro aponta para a foto no mural de seu filho mais novo, Jair Renan, de 1 ano e meio, com Cristina.)
Faltando 8 meses para o primeiro turno da eleição de 2022, Bolsonaro, que tentará a reeleição, tem mobilizado a militância de extrema-direita nas redes sociais para atacar políticos de esquerda que têm celebrado a decisão da Colômbia de descriminalizar o aborto até a 24ª semana de gestação.
Figuras como a deputada Carla Zambelli e a ministra da Mulher, Damares Alves, estão na linha de frente, mas os filhos Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro também têm feito postagens afirmando que o clã presidencial é “a favor da vida” enquanto setores da esquerda são “a favor de genocídio de bebês”.
A ex-deputada federal Manuela D´Ávila tem sido um dos alvos de discurso de ódio. Ela afirmou nas redes sociais que seus advogados foram acionados para processar parlamentares que estão liderando os ataques.
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CINTIA ALVES ” JORNAL GGN” ( BRASIL)